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E para piorar ainda mais a inflação… uma guerra!

A Rússia, não sendo um país rico, tem a capacidade de perturbar a economia global pela dependência que alguns países têm relativamente a algumas das matérias primas que produz. Assim, até que o ocidente encontre alternativas, o impacto na inflação poderá ser substancial, podendo então agravar uma situação que já não é a melhor
24 Fevereiro 2022, 08h00

 

Nos últimos tempos, temos vindo a observar uma contração dos mercados acionistas globais enquanto o oposto se passa mercado de commodities onde, em especial, o preço do petróleo tem vindo a valorizar consideravelmente. Na altura em que este artigo está a ser escrito, a Rússia poderá já ter invadido a Ucrânia e acaba por ser um dado adquirido que os preços da energia – petróleo e gás natural – irão, muito provavelmente, subir mais ainda na Europa. Mas a realidade é que esse não é o único aumento de preços que se espera. 

Os preços mais elevados do petróleo e do gás natural podem aumentar os custos de aquecimento doméstico e da eletricidade. Os preços mais elevados da energia tornariam mais dispendioso voar e manter e os custos de transporte tenderiam a evoluir nesse sentido. Como consequência disso, seria muito provável que as empresas transmitissem, alguns destes custos para os consumidores sob a forma de aumentos de preços.

Um setor que poderá ser bastante afetado é o tecnológico e, em particular, os semicondutores que têm sofrido consideravelmente desde o início da pandemia. Tem existido uma melhora do setor ao longo dos últimos meses, mas esta crise na Ucrânia traz uma forte probabilidade de inverter esta recuperação. A Ucrânia produz 90% do néon utilizado pelos fabricantes de semicondutores dos EUA enquanto a Rússia acaba por fornecer 35% do pálido utilizados pelos mesmo produtores. 

Para contrariar este facto, os EUA já deram início a um processo onde procuram criar essas mesmas mercadorias no mercado doméstico. Para além disso, há também outros países que podem preencher essa escassez – no entanto, tudo isto já tem um impacto no preço e essa é uma fatura ao qual já não se pode fugir. Após a invasão da Rússia à Crimeia, o preço do néon já aumentou 600%. Eventualmente, poderá ser possível ver o preço a baixar com o aumento da produção e de diferentes produtores, mas essa adaptação levará o seu tempo a acontecer. Este conflito, não poderia vir em pior altura para aquilo que tem sido a realidade deste setor ao longo dos últimos anos.

A Rússia, não sendo um país rico, tem a capacidade de perturbar a economia global pela dependência que alguns países – especialmente, europeus – têm relativamente a algumas das matérias primas que produz. Assim, até que o ocidente encontre alternativas, o impacto na inflação poderá ser substancial, podendo então agravar uma situação que já não é a melhor.

 

 

 

 

 

Frederico Aragão Morais
Senior Market Analyst na Qaestum Capital

 

 

Este conteúdo patrocinado foi produzido em colaboração com a Qaestum Capital.

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