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Economia do Mar já vale mais de 5 mil milhões

A economia do mar em Portugal terá um valor global de cerca de 4,2 mil milhões de euros em valor acrescentado bruto (VAB), segundo os dados do Annual Economic Report on the EU Blue Economy, de 2018, o que representa cerca de 2,6% do VAB português. Em termos de produto interno bruto (PIB), estamos a falar de cerca de 4,8 mil milhões de euros, a valores de 2016.
20 Agosto 2018, 07h35

A economia do mar em Portugal terá um valor global de cerca de 4,2 mil milhões de euros em valor acrescentado bruto (VAB), segundo os dados do Annual Economic Report on the EU Blue Economy, de 2018, o que representa cerca de 2,6% do VAB português. Em termos de produto interno bruto (PIB), estamos a falar de cerca de 4,8 mil milhões de euros, a valores de 2016. Terá ultrapassado já os 5 mil milhões de euros em 2017 – tendo em conta o crescimento médio da economia –, até porque tem por base sectores que estão a crescer a um ritmo mais rápido do que a média do país. Entre 2012 e 2016, o VAB da Economia do Mar aumentou 26%. Em declarações ao Jornal Económico, o partner da PwC Miguel Marques explica que os três grandes pilares da economia do mar em Portugal, com reflexo no PIB, são a fileira alimentar do mar, a fileira do turismo de mar e a fileira dos portos e serviços marítimos.

Em 2016, o sector empregava cerca de 178 mil pessoas, agora mais, até porque é um sector dominado pelo turismo costeiro, que contribuiu com 75% para o total de empregos na economia azul e em 78% para o lucro.

O Annual Economic Report on the EU Blue Economy regista que os recursos vivos também são um contribuinte importante para a Economia do Mar, fornecendo 21% empregos, 15% do VAB e 12% do lucro. A construção naval fornece apenas 2% dos empregos, 7% do VAB e 6% do lucro.

Fica a faltar nesta lista um sector que tem um peso significativo em outros países e que é inexistente em Portugal, que é “a prospeção e exploração de petróleo e gás natural” – em Espanha, por exemplo, representa 26% do VAB da Economia do Mar. E o economista António Nogueira Leite refere que “o sector com maiores níveis de produtividade na UE (países com costa) é o da prospeção e exploração de petróleo e gás, que representa 1,7% do emprego, 16% do valor acrescentado do sector”, mas “até hoje não tem qualquer expressão em Portugal”.

O LEME, o barómetro da consultora PwC da Economia do Mar regista a evolução anual de 40 variáveis da economia do mar e, tendo em conta que Portugal viveu um período de grande instabilidade económica, os resultados da evolução da economia do mar na última década “são promissores”, diz Miguel Marques. Entre 2009 e 2016, Portugal viveu quatro anos com taxas de crescimento negativas, um ano com crescimento abaixo de 1% e três anos com um ténue crescimento entre 1% e 2%. Foi, sem dúvida, um período económico muito difícil. No entanto, vários indicadores da evolução das indústrias do mar continuaram em alta. “Durante o mesmo período, praticamente metade dos indicadores da economia do mar tiveram um comportamento favorável num contexto de instabilidade económica”, refere.

Este é um comportamento que o Annual Economic Report também indiciava, ao reportar que o VAB da Economia Azul se manteve estável entre 2009 e 2012, mas depois “aumentou acentuadamente atingindo o seu nível mais elevado em 2016”. Este comportamento indicia que 2017 terá sido ainda melhor, com a economia a crescer 2,7% e o turismo uns muito robustos 19,5%. O partner da PwC avisa, no entanto, que esta evolução levanta questões: “No caso do turismo de mar, o crescimento tem sido exponencial, existem alguns locais onde o excesso de pressão turística começa a degradar o produto turístico, qual é o ponto ótimo que maximiza os benefícios sem prejudicar as vendas futuras? Existe neste sector também um excelente potencial de aumento de margem que seria interessante que fosse apropriada por Portugal”, diz, em referência aos caminhos que a Economia do Mar deve seguir em Portugal. “A dimensão da zona económica exclusiva de Portugal é muito maior do que a dimensão emersa do país, assim, torna-se fundamental estabelecer parcerias e alianças que permitam a Portugal tirar benefícios do mar de forma sustentável”, refere.

No final, regista-se que “as potencialidades e oportunidades para Portugal, em termos da Economia do Mar, são múltiplas” e a questão é o como aproveitar.

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