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“Os fins de semanas eram o nosso oxigénio”. Empresários da restauração de todo o país manifestam-se hoje em frente ao Parlamento

Empresários da restauração vão protestar esta quarta-feira em Lisboa contra as restrições impostas no Estado de Emergência. Rejeitam linhas de créditos e exigem apoios a fundo perdido.
  • Cristina Bernardo
25 Novembro 2020, 08h15

Os empresários de restauração voltam a  manifestar-se esta quarta-feira na capital, desta vez em frente à Assembleia da República pelas 15h30.

Depois de manifestações no Porto a 13 de novembro e em Lisboa a 14 de novembro, o Movimento a Pão e Água vai hoje exigir mais medidas para o setor.

“Retiraram nos o sábado e domingo que eram o nosso oxigénio em termos de faturação, isto foi claramente liquidar um setor que está a tentar sobreviver”, disse ao Jornal Económico um dos organizadores deste movimento Miguel Camões.

Sobre as suas reivindicações, o movimento exige apoios a fundo perdido, rejeitando mais linhas de crédito. “A restauração foi tentando trabalhar, apesar das várias restrições, mas nas últimas semanas com as restrições ao fim de semana, ficaram numa situação muito complicada, precisamos de apoios efetivos e a fundo perdido e não de linhas de credito porque isso só vai agravar a tesouraria e o nosso futuro”.

“Vamos manifestarmos nos em frente à Assembleia da República para alertar Governo e partidos que estamos numa situação dramática, precisamos de soluções. Temos esperança que o Governo tenha a sensibilidade de conversar connosco”, disse Miguel Camões.

Na manifestação a 13 de novembro no Porto houve confrontos entre manifestantes e polícias, com o organizador a apontar que a manifestação de hoje vai ser pacífica e que esse episódio foi uma exceção. “Essa manifestação ocorreu no Porto no dia 13, e entretanto já aconteceram outras em várias cidades e foram completamente pacificas e queremos que esta também o seja. Foi uma situação excecional e mostra o desespero de todos os profissionais da restauração, bares e discotecas”.

A manifestação foi marcada para o dia 25 de novembro por se tratar do dia limite para o pagamento de impostos ao Estado, conforme anunciaram os organizadores na semana passada. Entretanto, no sábado, o Governo decidiu prolongar por mais cinco dias o pagamento que tenha de ser realizado pelas micro, pequenas e médias empresas do IVA trimestral até 30 de novembro. Estas empresas também podem pagar em três ou seis prestações mensais, de valor igual ou superior a 25 euros, sem juros.

Sobre o adiamento do pagamento do IVA, o empresário considera que é apenas um “paliativo” para o setor e aponta que muitos empresários já tinham efetuado o pagamento do IVA na sexta-feira, 20 de novembro.

Miguel Camões caracteriza o movimento como “popular e espontâneo, completamente apartidário” que “começou nas redes sociais”.

“Desde o início que queremos ser parte da solução, compreendemos que a situação é extrema, mas há certas medidas do Governo que são um ataque a economia e iniciativa privada e não vemos que impeçam a pandemia. Parecem-nos medidas avulsas, autoritárias, que não ajuda ao combate da pandemia e apenas ajuda a destruir a economia”, criticou Miguel Camões.

Hoje arranca o período de candidaturas a a apoios a fundo perdido para as empresas de restauração compensarem a quebra de receitas devido à pandemia da Covid-19, em particular os encerramentos ao fim de semana, contando com apoios de 20% para compensar quebras face à média de faturação das 44 semanas anteriores, o que já foi criticado pelo chef Ljubomir Stanisic.

“De janeiro até outubro temos 44 semanas, entre 44 tivemos 11 semanas fechados, nessas 11 semanas faturámos zero. Entre as outras semanas das 44 semanas, as que tivemos abertos de janeiro a março houve alguma faturação, mas a partir da abertura após o primeiro confinamento, as regras passaram a ser 50% da ocupação. Faturámos 50% ainda menos. Façam um favor, esses 20% distribuam-nos pelas pessoas mais necessitadas. Nós vamos pedir mais créditos, vamos endividar-nos ainda mais. Isto é atirar areia para os olhos”, disse o empresário em entrevista à SIC Notícias a 13 de novembro.

Na manifestação de 14 de novembro em Lisboa, o deputado do Chega, André Ventura, esteve presente no evento no Rossio, com esta aparição a ser criticada pela organização que não quer apoios partidários.

“Meu caro André Ventura, é triste ver um político, à parte da ideologia ou cor, a tentar tirar proveito de uma luta para a qual não foi chamado. Não queremos o seu apoio ou de qualquer partido”, escreveu José Gouveia, um dos organizadores, nas redes sociais.

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