[weglot_switcher]

Ex-adjunto acusa SIS de o ameaçar várias vezes

“Agente do SIS disse que era melhor resolver a bem porque depois tudo se poderia complicar. A ameaça foi repetida duas vezes ao longo da conversa”, denunciou hoje Frederico Pinheiro, o ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, na CPI à gestão da TAP.
17 Maio 2023, 15h56

O ex-adjunto do ministro das Infraestruturas acusou hoje os serviços secretos do SIS de o ter ameaçado várias vezes durante a noite quente de 26 de abril.

“Às 23h05 recebo uma chamda de numero desconhecido e não atendo. 23h11, nova insistentcia. Um homem identifica-se como agente do SIS. A minha primeira reação foi de choque. Desconfiei que fosse mentira, nunca imaginei ser contactado por alguém do SIS. Liguei para a sede do SIS, dou uma palavra código e o agente liga-me de volta com o código”, afirmou hoje Frederico Pinheiro no Parlamento.

“Nesse momento, as minhas dúvidas já se tinham adensado. Tenho juristas na família que me estavam a alertar. O mesmo refere que esta a ser muito pressionado de cima e diz-me que o melhor é resolver isto a bem porque depois tudo se pode complicar. A ameaça foi repetida duas vezes ao longo da conversa. Digo que eu próprio já me tinha voluntariado para entregar computador. Não poderia pura e simplesmente entregar o computador. Agente do SIS indica me claramente que se entregasse o computador nunca mais ouviria falar do mesmo. Sugiro que a entrega fosse feita na presença de uma familiar, que é procuradora-geral adjunta. Diz-me que estou a escalar e rejeita a solução”, disse hoje durante a sua audição na CPI da TAP.

“Peço ao agente para refletir durante cinco minutos. Depois, durante a chamada, o  agente volta a assegurar que nunca mais ouviria falar do computador. Fica combinada uma entrega na minha rua. Entrego o computador pela meia noite, agente volta a referir que assunto morre ali”, acrescentou.

“Os documentos classificados foram-no por minha sugestão. Não tenho nenhuma cópia desses documentos”, garantiu, referindo-se, por exemplo, ao plano de reestruturação da TAP.

O ex-adjunto de João Galamba está a ser ouvido hoje no Parlamento na CPI da TAP. Frederico Pinheiro acusou João Galamba de querer esconder as suas notas sobre o encontro da ex-CEO da TAP com os deputados do PS para preparar uma audição parlamentar em janeiro, com o objetivo de alinhar o discurso da ex-CEO com o dos deputados socialistas; o ministro das Infraestruturas já rejeitou a acusação, apontando que foi o seu antigo assessor que omitiu as notas do encontro.

Outra das polémicas foi o que se passou na noite quente de 26 de abril. Depois de demitido por João Galamba ao telefone, Frederico Pinheiro dirigiu-se ao ministério das Infraestruturas para recuperar o seu computador com o objetivo de retirar informação que pudesse ser-lhe útil para defesa futura, negando que tenha tentado retirar qualquer documento confidencial do computador (tal como a reestruturação da TAP). O ex-adjunto foi acusado de agredir membros do gabinete de João Galamba, algo que o próprio já negou. Frederico Pinheiro acabou por levar o seu computador, que foi recuperado mais tarde pelos serviços secretos, juntando mais gasolina a esta fogueira de polémicas.

Pelo meio, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu a demissão do ministro das Infraestruturas, que chegou a apresentar uma carta de demissão ao primeiro-ministro, mas António Costa segurou João Galamba, com o Presidente da República a criticar publicamente a decisão.

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.