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Grupo Wagner na Bielorrússia tem porta aberta para lançar ataque a Kiev

A tentativa de golpe de estado foi uma encenação para Putin deslocar mais homens para a Bielorrússia para tentar um ataque direto a Kiev? Ou para colocar pressão sobre Zelensky de forma a retirar homens da contra-ofensiva para proteger a capital? As dúvidas adensam-se sobre as causas reais do alegado motim do líder do grupo Wagner.
28 Junho 2023, 10h00

A tentativa de golpe de estado que teve lugar no passado sábado na Rússia poderá ter sido uma encenação do Kremlin para tentar tomar a capital ucraniana?

Por um lado, a deslocação de milhares de mercenários do grupo Wagner para a Bielorrússia pode abrir um novo flanco na invasão russa da Ucrânia. A fronteira da Bielorrússia fica a apenas 80kms de Kiev. Por outro, Zelensky pode sentir-se pressionado com a presença dos mercenários e retirar homens da contra-ofensiva para proteger a capital, limitando novos avanços.

Um general britânico levantou esta semana esta hipótese, considerando que é um “tema que causa preocupação”.

Se Yevgeny Prigozhin mantiver os seus homens perto de si, “será uma ameaça ao flanco ucraniano mais próximo de Kiev”, com o Kremlin “muito possivelmente” a usar o grupo Wagner para atacar a capital da Ucrânia.

As declarações foram feitas por Richard Dannatt, general britânico, antigo chefe do Estado Maior das Forças Armadas do Reino Unido, em entrevista à “Sky News”.

O analista Mário Martins disse não compreender “muito bem qual o objetivo final do Prigozhin, um ataque direto a estrutura militar do Kremlin não faria muito sentido. Nao há suporte popular por ele; por Putin, é grande. Porque é que Putin não consegue resolver o problema com ele? Prigozhin está com Putin há mais de 15 anos”, afirmou no programa “Mercados em Ação” da JETV.

“Não sei quantos combatentes do grupo Wagner vão com Prigozhin para a Bielorrússia. Mas se eu fosse ucraniano nãoo me sentiria muito confortável com a presença de Prigozhin e do grupo Wagner a uma distância tão curta de Kiev, fazendo bypass às frentes sul e este que se desenrolam neste momento. Se for Prigozhin a ir sozinho para a Bierlorrússia, nao entendo. Se for Prigozhin e mais 20 ou 30 mil membros do grupo Wagner, coloca muita pressão em Kiev e vai obrigar Zelensky a deslocar algumas forças dedicadas à contraofensiva no sul e reposicioná-las no eixo entre Kiev e a Bielorrússia o que pode facilitar a defesa do território que a Rússia já conquistou”, segundo o administrador da ActivTrades Brasil.

Os países da NATO que fazem fronteira com a Bielorrúsia já expressaram as suas preocupações sobre a presença dos mercenários.

O presidente polaco considera que a situação “é muito séria” e é um “motivo de preocupação”. “Isto requer uma resposta muito dura da NATO”, segundo Andrzej Duda.

“Se o Wagner colocar os seus assassinos em série na Bielorrússia, todos os países vizinhos enfrentam um maior perigo de instabilidade”, disse o presidente lituano Gitanas Nauseda, citado pela “Reuters”, após um encontro da NATO em Haia.

Por seu turno, a NATO disse que “enviou uma mensagem clara a Moscovo e a Minsk de que a NATO está preparada para proteger todos os centímetros do território da NATO”.

“Já aumentámos a nossa presença militar na parte leste da aliança e vamos tomar mais decisões para aumentar mais a nossa defesa coletiva com mais forças de elevada-prontidão”, segundo Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO.

O responsável apontou que o motim demonstrou que a “guerra ilegal” de Putin na Ucrânia estava a criar profundas divisões na Rússia.

“Não devemos subestimar a Rússia. É agora mais importante continuar a providenciar a Ucrânia com o nosso apoio”, afirmou.

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