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“Ainda há muitas incertezas”. Lagarde, Powell e Bailey cautelosos sobre a vacina da Pfizer contra a Covid-19

“Não quero ser exuberante para com esta vacina porque ainda encerra muitas incertezas sobre a logística, o transporte, a produção, o número de pessoas vacinas em 2021 para atingirmos a imunidade de grupo”, disse Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, durante o Fórum BCE 2020.
  • Forum BCE 2020 — Christine Lagarde
    BCE
12 Novembro 2020, 18h54

Os mercados acionistas entraram em efervescência esta segunda-feira quando a farmacêutica norte-americana Pfizer anunciou que a sua vacina experimental contra a Covid-19, desenvolvida em parceria com a alemã BioNTech, tem uma eficácia de 90%. Na primeira sessão de negociação da semana da bolsa de Nova Iorque, os índices Dow Jones e S&P 500 alcançaram máximos intraday, com o mercado a reagir com otimismo a notícia sobre a vacina que sinalizou uma recuperação da economia mais rápida do que o esperado. Até o ouro, que é um ativo refúgio e que vinha em tendência de valorização durante a crise, desvalorizou.

No entanto, o otimismo que contagiou Wall Street — que também chegou à Europa —, os três líderes máximos dos maiores bancos centrais do mundo — colocando o banco central chinês de lado — mostraram-se cautelosos sobre a vacina da Pfizer porque ainda persiste bastante incerteza sobre a evolução da pandemia e, consequentemente, sobre a economia.

Numa espécie encontro de titãs da política monetária, que marcou o último painel do Fórum BCE 2020 — que este ano decorreu online por causa no novo coronavírus — Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), o chairman da Reserva Federal norte-americana (Fed), Jerome Powell, e o governador do Banco de Inglaterra, Andrew Bailey, realçaram que as notícias sobre a vacina contra Covid-19 são “boas notícias”, mas alertaram que ainda em cedo para entrar em grandes euforias.

“As notícias sobre a vacina são boas notícias para o médio-prazo, ainda que subsistam desafios e incertezas significativas sobre o timing, a produção e a eficácia em diferentes grupos [de pessoas]”, vincou Jay Powell. “É muito cedo para analisar, com confiança, as implicações destas notícias na trajetória da economia, especialmente no curto-prazo”, adiantou.

Por seu turno, Andre Bailey salientou que “à medida que formos recebendo mais notícias sobre a vacina, poderemos começar a reduzir os níveis de incerteza. Mas ainda não estamos lá”.

Christine Lagarde afirmou que no início da pandemia estávamos perante “um oceano de incerteza” que dificultou bastante a elaboração das projeções económicas. “Foi mais do que uma arte, foi um mesmo excecionalmente difícil”, lembrou a presidente do BCE.

“Estamos a assistir a uma pequena redução da incerteza em várias frentes. As eleições das presidenciais norte-americanas já aconteceram, o que reduziu alguma incerteza. O Brexit está a avançar, o que tem atenuado alguma ansiedade, mas ainda não retirou incerteza. E a vacina que foi anunciada está a diminuir a incerteza. Portanto, estamos a começar a ver a outra margem deste rio enorme de incerteza. E, para o futuro, será crucial que as políticas já postas em prática, quer a política monetária, quer a política orçamental, ajudem a criar uma ponte para chegarmos à outra margem do rio e apoiar a economia”, disse a francesa.

Mas voltou a carregar na mesma tecla: apesar de as notícias sobre a vacina contra a Covid-19 serem, em si mesmas, boas notícias, continuam em volta de muitas incógnitas. “Não quero ser exuberante para com esta vacina porque ainda encerra muitas incertezas sobre a logística, o transporte, a produção, o número de pessoas vacinas em 2021 para atingirmos a imunidade de grupo”, vincou a presidente do BCE.

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