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Lituânia: esquerda vence primeira volta das eleições legislativas

Com a segunda volta marcada para 27 de outubro, o futuro novo governo pode não ser tão clamante favorável à Ucrânia como o que liderava o país até agora.
14 Outubro 2024, 12h41

O Partido Social-Democrata da Lituânia (LSDP), de centro-esquerda, venceu as eleições legislativas de domingo no país. De acordo com a Comissão Eleitoral, o LSDP obteve 20,73% dos votos, seguindo-se o partido de centro-direita TS-LKD da atual primeira-ministra, Ingrida Simonyte, que obteve 16,08% dos votos.

Ingrida Simonyte será provavelmente substituída pela social-democrata Vilija Blinkeviciute, ex-ministra e atualmente eurodeputada – que tem como intenção, segundo a imprensa do país, formar um novo governo de coligação de centro-esquerda. Os sociais-democratas governaram a Lituânia pela última vez de 2012 a 2016. Mas o sistema lituano prevê uma segunda volta, que ocorrerá a 27 de outubro – um sistema que permite tendencialmente a formação de governos com maioria clara.

O terceiro partido mais votado foi o recém-fundado Nemuno Ausra (Novo Amanhecer, NA), que se autodefine como força de esquerdas, mas é considerado populista e de tendência pró-russa. O NA foi constituído em 2023 por Remigijus Zemaitaitis, deputado que foi expulso do conservador Partido Liberdade e Justiça (PLT) por expressar opiniões antissemitas, recorda a agência Lusa.

Além destes três partidos, foram ainda votados a União dos Democratas Pela Lituânia (9,32%), a União dos Camponeses e Verdes Lituanos (7,36%) e o Movimento Liberal (7,21%). A taxa de participação nestas eleições foi de 52,06%.

Quase todos os partidos reafirmaram durante a campanha o seu apoio à Ucrânia no confronto com a Rússia há dois anos, e com um gasto de pelo menos 3% do orçamento na área da defesa em 2025. Às eleições de domingo foram chamados 2,4 milhões de lituanos com direito de voto. Mas os analistas duvidam que o apoio à Ucrânia continue a ser tão claro como até aqui.

A agenda do provável novo governo será claramente mais à esquerda, com o partido vencedor a prometer durante a campanha que aumentará os impostos aos setores mais ricos da população, na tentativa de promover a igualdade através de uma redistribuição mais justa e de insistir nos investimentos na área da saúde, segundo as mesmas fontes.

A advogada Vilija Blinkeviciute é membro do Partido Social-Democrata da Lituânia desde 2006. Desde 1983 que está ligada ao Ministério da Previdência Social e do Trabalho, de que foi vice-ministra em 1996, antes de, em 2000, ser nomeado ministra da Segurança Social e do Trabalho no primeiro no governo do primeiro-ministro Rolandas Paksas. Aí permaneceu até 2008. Em 2021, venceu a eleição de liderança do Partido Social-Democrata da Lituânia de 2021.

O Comité de Orçamento e Finanças do parlamento chegou à conclusão que a ministra tinha procedido a um “aumento imprudente das pensões” e de violações da disciplina fiscal, o que foi considerado um contributo decisivo para a profunda recessão económica que assolou o país na sequência da crise internacional de 2008. A acusação acabaria por a fazer cair do Ministério. No ano seguinte, em 2009, foi eleita para o Parlamento Europeu, onde se manteve na sequência das eleições de 2014. Pertencia ao Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas e era vice-presidente da Comissão dos Direitos da Mulher e da Igualdade dos Géneros.

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