O cenário continua negro para os operadores turísticos e para a restauração em Portugal. Cerca de 29% das empresas de alojamento turístico estimam uma taxa de ocupação zero este mês, prevendo-se que nos dois últimos meses do ano esta percentagem aumente para 50%, segundo um inquérito da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).
O relatório da associação, divulgado esta terça-feira, revela ainda que 40% das empresas da restauração e bebidas e 25% do alojamento turístico já despediram trabalhadores desde o início da crise sanitária e socioeconómica causada pelo coronavírus.
“Com escassa liquidez, as empresas da restauração e bebidas e do alojamento turístico apresentam níveis preocupantes de despedimentos, além das intenções de insolvência: 32% na restauração e bebidas e 14% no alojamento turístico”, alerta a AHRESP, numa análise mensal que envolveu 1.173 respostas, recolhidas entre os dias 30 de setembro e 4 de outubro.
A maioria dos inquiridos considera que as medidas de auxílio do Governo continuam a não ser suficientes e urgem apoios direto às empresas, quer seja a aplicação temporária da taxa reduzida de IVA nos serviços de alimentação e bebidas ou o financiamento não reembolsável para reforço da tesouraria das empresas, por exemplo.
Em causa está o facto de mais de 63% dos restaurantes e bares do país terem registado quebras homólogas de faturação acima dos 40% em setembro, o que fez com que 9% destes estabelecimentos comerciais não tenham conseguido pagar os salários do mês passado e um terço pondere agora avançar para processo de insolvência.
“Também as empresas do alojamento turístico se deparam com as mesmas dificuldades, e muito preocupantes. Durante todo o mês de setembro, 18% das empresas não registaram qualquer ocupação e mais de 19% indicou uma ocupação máxima de 10%. Mais de 28% das empresas inquiridas revelaram, para o mês de setembro, uma quebra homóloga superior a 90% na taxa de ocupação”, pode ler-se no documento.
Porém, apenas 30% destas empresas recorreu aos novos mecanismos de apoio à manutenção dos postos de trabalho, sendo que 25% ainda não decidiu se o vai fazer. Destes, a maior parte (58%) irá optar pelo Apoio à Retoma Progressiva e
42% pelo Incentivo Extraordinário à Normalização da Atividade, de acordo com o relatório da AHRESP.
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