[weglot_switcher]

BCP corta até 90% nos juros da oferta base de depósitos a prazo

O banco decidiu acabar com juros diferenciados em função do valor aplicado no chamado “Depósito a Prazo Standard”, continuando a ajustar a oferta à perspetiva de que o BCE vai iniciar a descida das taxas no verão. Todos os montantes passam a ter a mesma rentabilidade, que corresponde ao mínimo que era pago neste produto.
  • José Sena Goulão/Lusa
9 Abril 2024, 07h30

Os bancos continuam a dar sinais de que se preparam para um corte das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE), reduzindo a remuneração dos seus produtos de poupança. O BCP já tinha dado esse passo nos depósitos a prazo a um ano, juntando-se a outras instituições financeiras que estão a ajustar a sua oferta. Agora, o banco liderado por Miguel Maya decidiu reduzir em até 90% a remuneração que paga na aplicação a prazo de base que oferecia uma taxa diferenciada, crescente, conforme o montante aplicado. A partir de agora, passa a pagar a todos o mínimo que já praticava. 

A alteração ao preçário, consultada pelo Jornal Económico (JE), mostra que, até agora, o chamado “Depósito a Prazo Standard” disponibilizado pelo BCP pagava uma Taxa Anual Nominal Bruta (TANB) entre 0,25%, se fosse aplicado um montante até 99.999,99 euros, até um máximo de 2,5% em valores superiores a um milhão de euros. A partir desta terça-feira, 9 de abril, que é quando entra em vigor o novo preçário, o banco vai passar a pagar 0,25% independentemente do montante que for aplicado por um prazo que pode variar entre os 2 e os 1.825 dias.

“Este depósito não faz parte da oferta core disponibilizada pelo banco. É um depósito que não está disponível para subscrição proativa nos canais de distribuição do banco e como tal esta alteração de remuneração não terá impacto naquelas que são as constituições de novos depósitos a prazo”, afirma fonte oficial do BCP. O banco conta com outras aplicações a prazo para o público em geral com taxas de juro mais elevadas.

Não é, contudo, a primeira vez que o banco liderado por Miguel Maya ajusta os juros dos seus produtos de poupança, nomeadamente daqueles que disponibiliza através do seu site ou da sua aplicação para o telemóvel. Como o JE escreveu em janeiro, a instituição financeira acompanhou os mesmos passos dados por outras instituições financeiras, cortando a rentabilidade do seu depósito a um ano, o Net Millennium Flexível, com um mínimo de subscrição de 250 euros e um máximo de 500 mil euros. 

Na mesma altura, o BPI também cortou no prazo a seis meses, passando de 3,5% para 3%. Já a 12 meses passou a oferecer 2,5%, face aos anteriores 3,5%, não tendo havido nenhuma alteração dos juros nestes produtos desde então, de acordo com uma consulta ao site do banco liderado por João Pedro Oliveira e Costa.

Caixa reforça cortes nos juros

O mesmo não aconteceu no caso da Caixa Geral de Depósitos. O banco estatal aplicou, nessa altura, um corte nos dois prazos, mas voltou a reduzir. Em janeiro, o “Depósito Caixa 6 Meses Não Mobilizável”, com um mínimo de constituição de 500 euros e um máximo de 500 mil euros, passou a ter uma TANB de 3,350%, quando no final do ano passado uma aplicação neste mesmo produto permitia aos clientes obterem uma remuneração bruta de 3,50%. É possível ver no site do banco liderado por Paulo Macedo que esta taxa desceu ainda mais. Está agora nos 3%.

O mesmo aconteceu no depósito a um ano da Caixa. O “Depósito Caixa Net 12 Meses Não Mobilizável”, com um mínimo de constituição de 5.000 euros e um máximo de 200 mil euros, oferecia uma taxa de remuneração de 2,950% no prazo inicial, passando para 1,500% nos prazos seguintes (após renovação). O banco decidiu reduzir a TANB oferecida no primeiro ano para 2,750%. 

O JE questionou o Novobanco e o Santander se tinham avançado com alterações semelhantes, mas não obteve resposta até ao fecho deste artigo. 

Estes novos ajustamentos das taxas que os bancos pagam aos clientes são feitos numa altura em que o mercado prevê que o BCE comece a cortar os juros este verão. “Em junho teremos um novo conjunto de projeções que poderão confirmar se o trajeto que antecipamos em março para a inflação continua válido”, afirmou Christine Lagarde num encontro promovido pelo Instituto para a Estabilidade Monetária e Financeira, em março. A presidente do banco central disse ainda que, caso estas estatísticas confirmem a visão do BCE, a autoridade monetária “pode arrancar com a fase descendente do nosso ciclo e tornar a política menos restritiva”. 

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.