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MBA abraçam tendência ESG para preparar executivos do futuro

Os programas estão a apostar numa maior exposição dos alunos a desafios de sustentabilidade colocados por empresas, dentro e fora da sala de aula, e na criação de disciplinas em temáticas ESG.
26 Fevereiro 2022, 18h00

Preparar as lideranças para os desafios do futuro é o propósito de um bom MBA. Um futuro que, de acordo com as tendências em evolução, tem como horizonte a sustentabilidade e alicerces os critérios ESG — sigla de environment, social e governance, no original em inglês. As novas edições dos programas refletem a tendência, como O Jornal Económico pode constatar.

Começando pelo mais internacional de todos, o The Lisbon MBA Católica|Nova, consórcio que junta as escolas de negócios Católica-Lisbon e Nova SBE. No core dos seus programas estão todos os principais temas da atualidade — transformação dos modelos de negócio, inovação tecnológica e sustentabilidade. Maria José Amich, executive director do The Lisbon MBA Católica | Nova, explica que há um esforço permanente na afinação e atualização dos currículos e no reforçar do foco nas áreas que “melhor capacitam os alunos” para responder às necessidades das organizações.

“Reforçamos transversalmente em todas as disciplinas o foco em ESG crítico para a atração de capital, mas também para captação e retenção de talento”, revela. Exemplo disso são cadeiras obrigatórias e optativas como Business Ethics and Sustainability, Corporate Governance ou Creating Shared Value: Innovate Models for Ethical and Socially Responsible Business, mas também a componente de “Action Learning”, método de ensino holístico praticado nos programas, em que os alunos aprendem executando projetos individuais e em grupo. No The Lisbon MBA há agora projetos de consultadoria ligados a temas relacionados com os critérios ESG. Um exemplo é o projeto internacional desenvolvido na área dos combustíveis de baixo carbono no mercado brasileiro. Realizado no âmbito do International Consulting Lab, pelos alunos do The Lisbon MBA Internacional e da escola de negócios Insper, de São Paulo, teve como parceiro a Galp.

“Trabalhamos com empresas que desafiam os nossos alunos, seja em Portugal ou em mercados internacionais onde estas têm presença, com projetos ligados às energias renováveis, à mobilidade elétrica, à definição de estratégias de descarbonização e ‘internal carbon pricing’”, explica Maria José Amich. Adianta também que o consórcio desenvolveu em 2021 uma parceria com a empresa de consultadoria de inovação, Beta-i, para dar suporte ao the Lisbon MBA Entrepreneurship Hub, programa de aceleração para a transformação de uma ideia de negócio numa solução de aplicação viável no mercado. E que o Alumni Club lançou o Entrepreneurship Chapter com a iniciativa do Entrepreneurship Context, em parceria com a Web Summit, em que o vencedor teve a oportunidade de apresentar a sua startup neste evento global.

De referir que o The Lisbon MBA International marcou a estreia de Portugal no The Economist Full-time MBA ranking 2021, alcançando o 89.º lugar no mundo. Já na lista do FTsubiu duas posições e foi 82.º e 24.ª na Europa, continuando a liderar no critério “International Course Experience”.

Católica-Porto Business School
A pandemia da Covid-19 teve grande impacto nos programas, afirma Ana Côrte-Real, diretora do MBA Executivo da Católica Porto Business School: “Não afetou o MBA… afetou as pessoas, as famílias, as empresas, a sociedade e o mundo. E nesta perspetiva não seria de esperar outra coisa que não a necessidade de alterações nos programas”. O foco, adianta, esteve na identificação das ameaças que acabam por se revelar oportunidades futuras. Neste sentido e num ano “particularmente exigente, as alterações basearam-se principalmente nos fatores que nos vimos obrigados a alterar em 2020/21, mas que se revestiram de valor”. Quais?

A resposta é um vasto enumerado: a oportunidade de oferecer tutorias online, alargando os horários e a possibilidade de abranger mais alunos; webinares com professores estrangeiros, reforçando a experiência internacional dos alunos; combinação de aulas online e presenciais (modelo híbrido) de acordo com as temáticas, entre outros.

Numa altura em que juntar os alunos em salas de trabalho levanta, ainda, uma série de restrições, Ana Côrte-Real considera que separar os alunos em salas paralelas online tem “enorme eficácia e conveniência”. A alteração está relacionada com a possibilidade do aluno fazer o MBA online, com exceções para determinados momentos e módulos, combinando ensino presencial e online. O modelo da Escola é presencial, mas, diz Ana Côrte-Real, “com tudo o que já passámos, integrar esta possibilidade é algo diferenciador e relevante para os alunos”. Uma última palavra guarda-a para os professores que enfrentaram o desafio de ter alunos em sala e alunos online, embora o suporte tecnológico facilitasse.

O MBA Executivo arrancou em setembro 2021 e termina em julho de 2023. Ana Côrte-Real tem a expectativa de que as viagens internacionais, dificultadas e até suspensas durante a pandemia, sejam retomadas e que os professores convidados possam voltar ao campus do Porto.

Porto Business School
A escola de negócios Porto Business School oferece três MBAs, todos com tripla acreditação da AMBA, EFMD e AACSB, símbolo do reconhecimento e validação internacional. Renata Blanc, diretora do International MBA, e Rosário Moreira, diretora do Executive MBA e do pioneiro Digital MBA, revelam ao Jornal Económico a principal novidade este ano: disciplinas optativas de forma transversal aos três MBAs. “Os nossos alunos terão uma “pool” de cerca de 40 disciplinas frequentadas por executivos dos três programas, o que representará um reforço da oferta e também do “networking”, algo fundamental num programa de MBA”, adiantam.

Em concreto, a diretora do International MBA destaca o reforço da oferta das novas disciplinas de Innovation Strategy, Innovation Valuation, Blockchain and Fintech e Data Driven Decision Making, entre outras. Paralelamente, adianta Renata Blanc, foi redesenhada a componente de sustentabilidade do curso de Corporate Strategic Sustainability, dando mais destaque à construção prática de estratégias de sustentabilidade.

Por seu turno, Rosário Moreira, diretora do Executive MBA e do Digital MBA, enfatiza o alinhamento com os tópicos que os líderes do futuro necessitam. Nesse sentido, adianta, o pioneiro Digital MBA, lançado durante a pandemia, reforçou “a oferta de cursos opcionais em áreas, como por exemplo, cibersegurança, gestão da mudança, gestão da diversidade e intercultural, selecionados nas escolas de negócio internacionais com acordos de mobilidade, que vêm acrescentar novas competências a outras temáticas também elas inovadoras e que já fazem parte do currículo do curso”.

Aém de novos tópicos e docentes, a partir desta edição do Executive MBA os alunos terão a possibilidade de se candidatar a um Duplo Diploma de MBA com a Universidade de Kozminski. “Foi integrada uma nova disciplina opcional “Impact Investing – Missão Continente”. Vai reforçar as competências no pilar crítico da Responsabilidade Social e da Sustentabilidade”, salienta Rosário Moreira.

Iseg
Em setembro arranca mais uma edição do ISEG MBA, terminando em março de 2024. Paulo Soeiro de Carvalho, diretor executivo do programa, explica que como “experiência de formação inovadora”, o MBA tem “uma dimensão orgânica que faz com que as novidades surjam a cada edição, em função do perfil dos participantes e dos casos que os nossos parceiros têm para apresentar”.

Ao core da gestão do ISEG MBA agregam-se 5 “streams” estratégicos, com parceiros de referência. Um é Sustainability & Governance. Paulo Soeiro de Carvalho explica que o objetivo é “preparar os participantes para o que são as obrigações legais, mas também transforma o ‘mindset’ e a sua perspetiva em relação aos negócios”.

O ISEG é uma referência na área da Sustentabilidade, onde há pouco tempo lançou o Sustainable Finance Knowledge Centre, e conta com vários programas de formação nesta área. O programa do Quelhas é o mais antigo do Portugal e continua a dar mostras de querer escrever o futuro.

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