A Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) e o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) reuniram durante a tarde desta segunda-feira mas, segundo as declarações do porta-voz do SNMMP no fim do encontro, não houve acordo.
Após a reunião, o porta-voz do sindicato mostrou-se surpreendido como a ANTRAM dirigiu o encontro e garantiu que os motoristas vão avançar com nova greve caso ao fim de uma semana não exista consenso.
Pedro Pardal Henriques, advogado, acusou os representantes da ANTRAM de falta de preparação. “É lamentável ter-se passado este tempo desde o pré-aviso de greve e hoje [segunda-feira] a ANTRAM dizer que está surpreendida com o que estamos a reivindicar”, disse o responsável, ao mesmo tempo que garantiu que existem dois pontos fulcrais em cima da mesa, sendo este o reconhecimento oficial da categoria de motorista de matérias perigosas e uma subida do salário base da profissão para 1.200 euros, que é o equivalente a “dois salários mínimos nacionais”.
Além destas reivindicações, o sindicato dos motoristas propõe, para o Acordo Coletivo, um subsídio de 240 euros e ainda a redução da idade da reforma. “Se somarmos todos os complementos que são atribuídos aos motoristas e o salário base de 630 euros, dá um valor próximo de dois salários mínimos, e é isso que reivindicamos para o salário base”, sublinha Francisco São Bento, presidente do sindicato, à Lusa. Este “ficaria indexado ao salário mínimo nacional, acompanhando os respetivos aumentos”, continua.
O sindicato ainda quer manter os suplementos de transporte nacional e internacional, sendo estes uma espécie de ajuda de custo ao trabalhador que está deslocado em serviço. O subsídio de 240 euros servia para compensar os trabalhadores pelo contacto constante com matérias químicas prejudiciais à saúde. Em relação à diminuição da idade da reforma, o presidente diz que a ideia é que a cada quatro anos de trabalho com estes produtos, seja reduzido um ano na idade da reforma.
O SNMMP revelou que foi agendada outra reunião para o próximo dia sete e avisou que “até lá, a ANTRAM tem uma semana para nos dar uma resposta, caso contrário, teremos que utilizar os meios que estão ao nosso alcance para reivindicar os nossos direitos”, e adiantou que “um destes meios será um novo anúncio de greve”. Pedro Pardal Henriques afirmou que os motoristas só interromperam a greve “porque a ANTRAM se comprometeu a negociar connosco” mas que durante a reunião não se mostraram preparados.
“Não sei se pensavam que vínhamos brincar, mas estas pessoas estão habituadas a trabalhar 18 horas por dias, e não estão para brincar”, avisou o advogado, enquanto sublinhava que “não concederemos mais prazo algum para que se chegue a consensos”.
A greve dos motoristas de matérias perigosas durou três dias, com início no dia 15 de abril, e deixou diversos postos de combustível vazios, o que obrigou o Governo a intervir e decretar uma requisição civil.
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