O Sindicato nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) vai bater-se por salários de 1.200 euros para os profissionais do setor e pela redução da idade de reforma, devido ao contacto constante com substâncias químicas nocivas à saúde.
Com o início das negociações com a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) marcado para dia 29, o SNMMP já tem a proposta para um Acordo Coletivo para os motoristas que representa, que lhes garanta melhores salários e condições de trabalho.
“Se somarmos todos os complementos que são atribuídos aos motoristas e o salário base de 630 euros dá um valor próximo de dois salários mínimos e é isso que reivindicamos para salário base, que ficaria indexado ao salário mínimo nacional, acompanhando os respetivos aumentos”, disse o presidente do sindicato, Francisco São Bento, em entrevista à agência Lusa.
Mas os suplementos de transporte nacional e internacional são para manter, segundo o sindicato, pois funcionam como uma espécie de ajuda de custo ao trabalhador deslocado em serviço.
O SNMMP vai também propor a criação de um subsídio de operação de matérias perigosas, no valor de 240 euros, para compensar os trabalhadores pelo contacto constante com matérias químicas.
O reconhecimento da atividade como sendo de “desgaste rápido, para efeitos de reforma” é outra das reivindicações.
Segundo o presidente do sindicato, a ideia é conseguir que cada quatro anos de trabalho com produtos químicos, seja convertido num ano de abatimento na idade de reforma.
Estas são as principais reivindicações que integram a proposta de Acordo Coletivo que o sindicato vai apresentar à associação empresarial.
O SNMMP quer um Acordo Coletivo específico para os motoristas que representa porque não se revê no acordo que existe e que foi revisto no ano passado.
A ANTRAM e a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações, assinaram no final de 2018, um acordo de revisão das condições de trabalho dos camionistas, que prevê um salário base de 630 euros, acrescido de vários subsídios inerentes à função.
Para o presidente do SNMMP, a nova convenção coletiva “está cheia de incoerências e quase não beneficia os trabalhadores, sendo apenas favorável às empresas”.
“No fundo o que nós queremos é um Acordo coletivo que valorize e respeite esta categoria profissional. Não somos melhores nem piores, mas existem diferenças, nomeadamente ao nível das exigências que nos são feitas”, disse Francisco São Bento.
O Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas foi criado no final de 2018 e tornou-se conhecido com a greve iniciada na segunda-feira, que levou o Governo a decretar uma requisição civil e, posteriormente, a convidar as partes a sentarem-se à mesa de negociações.
A arbitragem do executivo levou a que os representantes sindicais e empresariais chegassem a acordo, na manhã de quinta-feira, ficando o início do processo negocial formal agendado para dia 29 e a paralisação desconvocada.
Francisco São Bento reconheceu a importância da intervenção do Governo, que elogiou, especialmente a do ministro das Infraestruturas e Planeamento, Pedro Nuno Santos.
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