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Países com maior sucesso no combate à pandemia são liderados por mulheres

Entre os países com mais sucesso no combate à Covid-19 há um dado que tem vindo a ser alvo de várias análises. Da Alemanha à Nova Zelândia, passando por Taiwan ou pela Finlândia, todos eles são chefiados por mulheres.
18 Agosto 2020, 19h41

Os países liderados por mulheres tiveram resultados “sistematicamente e significativamente melhores” quando analisado o impacto da Covid-19 na população. De acordo com um estudo do Centro de Pesquisa de Política Económica e do Fórum Económico Mundial, citado pelo “The Guardian”, esses países conseguiram agir mais depressa e mais cedo o que fez com que sofressem metade das mortes em média quando comparado com as nações lideradas por homens.

O motivo para esta pesquisa deveu-se aos resultados da pandemia em países como a Alemanha (com 227 mil casos confirmados, nove mil mortes e liderado pela chanceler Angela Merkel), Nova Zelândia (com 1,6 mil casos confirmados, 22 mortos e cujo a primeira ministra é Jacinda Ardern), Dinamarca (líderado pela PM Mette Frederiksen e que soma 15 mil casos confirmados e cinco mil mortes), Finlândia (que tem Sanna Marin no poder e contabiliza sete mil casos confirmados e 334 mortes) e Taiwan (onde Tsai Ing-wen é presidente e regista 486 casos confirmados e sete mortes).

Mesmo sem incluir nos dados países frequentemente citados, como Nova Zelândia e Alemanha (e os EUA em termos de líderes masculinos), o estudo concluiu que o sucesso relativo ao combate da pandemia da Covid-19 por líderes femininas só foi fortalecida.

“Os nossos resultados indicam claramente que as mulheres líderes reagiram mais rápida e decisivamente face a potenciais fatalidades”, disse Supriya Garikipati, economista da Universidade de Liverpool, co-autora do estudo. “Em quase todos os casos, elas travaram mais cedo do que eles, mesmo estando em circunstâncias semelhantes. Embora isso possa ter implicações económicas a longo prazo, certamente ajudou a salvar vidas, conforme evidenciado pelo número significativamente menor de mortes nesses países”.

Garikipati juntamente com a colega Uma Kambhampati, esclarecem que analisaram diferentes respostas políticas e o total subsequente de casos e mortes de Covid-19, até 19 de maio, introduzindo uma série de variáveis ​​para ajudar a analisar os dados brutos e fazer comparações confiáveis ​​entre os países.

Entre os conjuntos de dados considerados estava o PIB, a população total, a densidade populacional e a proporção de residentes idosos, bem como as despesas anuais em saúde per capita, a abertura para viagens internacionais e o nível de igualdade de género na sociedade em geral.

Como apenas 19 dos quase 200 países são liderados por mulheres, os autores também criaram os chamados países “vizinhos mais próximos” para compensar o pequeno tamanho da amostra, juntando Alemanha, Nova Zelândia e Bangladesh com o Reino Unido, Irlanda e Paquistão liderados por homens.

Quando comparados de acordo com o critério de “abertura para viajar”, ​​os países liderados por mulheres não tiveram casos de Covid significativamente mais baixos, mas relataram menos mortes, descobriram as investigadoras, concluindo que isso pode sugerir “melhores políticas e conformidade”.

Garikipati disse que a evidência de uma “diferença significativa e sistemática” mostrou que mesmo levando em consideração o contexto institucional e outras restrições, “ser liderado por mulheres deu aos países uma vantagem na crise atual”.

As duas investigadoras consideram esperar que o estudo “sirva como um ponto de partida para iluminar a discussão sobre a influência dos líderes nacionais na explicação das diferenças nos resultados de Covid-19 dos países”.

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