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Paulo Cafôfo: “Madeira tem sido governada por uma verdadeira máfia”

O PS identificou vários forças de bloqueio na Região, entre os quais o presidente da Assembleia, o presidente da Região e o Chega.
3 Julho 2024, 09h08

O líder do PS Madeira, Paulo Cafôfo, considerou que a Região Autónoma da Madeira tem sido governada por uma “verdadeira máfia” e afirmou que, neste momentom o presidente do executivo, Miguel Albuquerque, tem sido um “empecilho” e acusou o governante de estar a bloquear a estabilidade que a Região precisa.

Cafôfo salientou que apesar as negociações entre o executivo e os partidos (PSD, CDS-PP, Chega, Iniciativa Liberal, e PAN) para um novo Programa de Governo, a Região “continua na mesma”.

O socialista acrescentou que “nada mudou, porque não sabemos qual o desfecho da votação nem o sentido de voto dos partidos na moção de confiança que irá ser debatida e votada esta quinta-feira”.

Cafôfo considerou que as negociações foram uma “encenação” e “fantochada”.

Para Cafôfo o que está em causa “não é o Programa de Governo nem meter à molhada propostas dos diversos partidos. O que está em causa é a moção de confiança”. O dirigente socialista referiu, que face a isto, “o PS não pode dar o seu voto de confiança a quem não merece essa mesma confiança”.

O socialista condenou a “falta de sentido de Estado” do presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues, na sessão solene comemorativa do Dia da Região. O dirigente do PS Madeira referia-se às declarações de José Manuel Rodrigues de que têm existido uma ausência de respeito pelos interesses e pela vontade do povo. Cafôfo considerou que José Manuel Rodrigues “vestiu a pele” de líder partidário e não a de presidente do parlamento.

“Se fosse para respeitar a vontade do povo, José Manuel Rodrigues nunca seria presidente da Assembleia Regional, porque o CDS-PP teve 3,96% dos votos. José Manuel Rodrigues é um bloqueio, porque a única coisa que lhe interessa são as suas mordomias enquanto presidente da Assembleia. Faz de conta que é presidente da Região, numa quase magistratura monárquica que procura enganar os madeirenses, dizendo que está a zelar pelos interesses da Madeira, quando o único interesse é o seu umbigo”, disse Cafôfo.

O socialista disse ainda que a Madeira está “bloqueada” e “presa” a muitos interesses que são visíveis com os casos judiciais. “Há uma verdadeira máfia que tem governado a Madeira, são esquemas atrás de esquemas”, disse o presidente do PS Madeira.

Cafôfo considerou que isso não tem a ver com os empresários mas sim com os governantes do PSD.

O socialista considerou que a terceira força de bloqueio é Miguel Albuquerque, considerando que o governante é, neste momento, “um empecilho” à estabilidade da Região. Cafôfo disse que apesar de Albuquerque ser arguido num processo judicial por suspeitas de corrupção, e apesar de salientar o princípio da presunção de inocência, afirmou que “não são os votos que o ilibam de um processo judicial”, e que o voto popular “não elimina nem arquiva processos judiciais”.

Para Paulo Cafôfo, mesmo que esta crise política passe, a instabilidade “vai continuar”, porque o processo judicial ainda está no início e recai sobre Miguel Albuquerque e a cúpula do PSD, criticando Albuquerque por “fugir” aos esclarecimentos perante a Justiça.

“Miguel Albuquerque não está, neste momento, a proteger o povo, mas, através do povo, procura proteger-se para ter imunidade enquanto Conselheiro de Estado. A única razão pela qual se recandidatou foi para manter esta sua imunidade, para não responder à Justiça, como devia responder”, disse o dirigente socialista.

O líder dos socialistas madeirenses defendeu que o Chega é a quarta força de bloqueio. Cafôfo sustentou que o Chega é um partido do “do não, do nim e do sim”, e que se o Chega fosse coerente “nunca se teria sentado à mesa das negociações”, tendo em conta que sempre defendeu que não viabilizaria um Governo liderado por Miguel Albuquerque.

Cafôfo criticou também a “manipulação” e a “chantagem”, bem como o discurso de “medo”, que o executivo tem usado, ao dizer que “tudo vai parar” se não houver Programa de Governo e Orçamento aprovados.

Cafôfo disse que foi Albuquerque que retirou o Orçamento em fevereiro, e acrescentou que apesar do Governo estar em gestão, e com um regime de duodécimos, tem feito mais despesas e arrecadado mais receita.

O socialista acrescentou que desde que o executivo está em gestão foram publicadas no Jornal Oficial da Região 333 resoluções, incluindo subsídios a clubes, a associações, a instituições de cariz social, contratos-programa, eventos e adjudicação de obras.

“Se alguma coisa parar, é só por responsabilidade do PSD. Quem bloqueia a Madeira de forma propositada não pode ter a confiança do PS”, disse o dirigente socialista.

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