[weglot_switcher]

Paulo Macedo: “Obrigações verdes e sociais têm pricing diferente do que outras da mesma entidade”

“Nos fundos de investimento já há um volte-face nas preferências dos clientes por tipo de fundos verdes” disse o banqueiro que revelou ainda que “as obrigações verdes e sociais têm um pricing completamente diferente do que outras obrigações da mesma entidade”.
  • Cristina Bernardo
23 Fevereiro 2024, 15h35

Em 2024 os riscos ambientais permanecem no top dos riscos mais graves que se preveem enfrentar na próxima década e o riscos tecnológicos passaram a liderar os riscos a curto prazo, disse o presidente da Caixa Geral de Depósitos.

Paulo Macedo, CEO da CGD, na Universidade de Évora no (Auditório do Colégio Espírito Santo), falava na abertura do Encontro Fora da Caixa de Évora, dedicado ao tema “Prémios Caixa ESG: Os Desafios das Empresas na era ESG”.

Paulo Moita de Macedo, Presidente da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos, disse que há uma pressão da sociedade para a preocupação com a sustentabilidade. Nomeadamente há uma pressão dos clientes, referiu.

“Nos fundos de investimento já há um volte-face nas preferências dos clientes por tipo de fundos verdes” disse o banqueiro que revelou ainda que “as obrigações verdes e sociais têm um pricing completamente diferente do que outras obrigações da mesma entidade”.

Segundo dados apresentados, 70% dos clientes procura por sustentabilidade.

Os investidores têm preocupações na área ambientável e querem investir em ativos sustentáveis (energias renováveis, por exemplo), sendo que há “mais de 130 biliões de dólares” de ativos geridos por instituições que declararam a intenção de investir em linha com as meta net zero.

Os reguladores também pressionam nesse sentido. “Primeiro sente-se na banca, depois sente-se nas indústrias altamente poluentes e a médio e longo prazo irá sentir-se no resto das médias empresas”, disse o CEO da Caixa.

Depois, “se queremos fixar talento” a sustentabilidade também é relevante, frisou, lembrando que 80% dos millennials quer trabalhar para empresas com preocupações com a sustentabilidade.

Falando da guerra de talento que se faz sentir nos últimos dois anos, Paulo Macedo voltou a dizer que hoje, nas entrevistas de emprego, quem são entrevistados são os empregadores e não os candidatos.

O CEO da CGD, Paulo Macedo, também enumerou os drivers que estão a contribuir para uma alteração do paradigma empresarial da sustentabilidade. A evolução tecnólogica; os valores e estilos de vida; o crescimento da população; e as alterações climáticas e escassez de recursos.

No que toca aos desafios das empresas na área ESG, a governance e a gestão de capital humano assumem particular relevância.

Outra ideia já várias vezes sublinhada pelo banqueiro, para citar a importância do ESG (environmental, social, and corporate governance) na banca, é que “os problemas da banca no passado foram um problema de Governance”, salientou o CEO da Caixa.

“Na banca uma das coisas que o regulador nos pergunta sempre é ‘mostrem-nos a vossa cultura de risco’. Mostrar os indicadores de risco conseguimos, mostrar a evolução do risco também se consegue, mas demonstrar que a cultura de risco está dessiminada por 6 mil colaboradores é mais difícil, portanto é algo que é preciso trabalhar”, relatou.

O CEO  alertou que vai ser necessário incorporar factores ESG nas decisões de investimento/financiamento. Nesse contexto os spreads do crédito à habitação vão variar em função da eficiencia dos edificios, revelou o presidente da Caixa.

O CEO lembrou ainda que a CGD fez 2.738 milhões de euros de emissões de obrigações “verdes” de empresas em 2023 e já participou em emissões de 600 milhões de euros entre janeiro e fevereiro deste ano.

A partir deste ano vai haver uma publicação obrigatória de dados de ESG, o que é importante para atribuir ratings, lembrou Paulo Macedo.

A CGD obteve recentemente uma classificação de 13,8 (low risk) em 2023 no ESG Risk Rating da Sustainalytics, melhorando face a 2022.

Para se estar bem colocado num rating de sustentabilidade contam todos os factores, como a política de produtos sustentáveis, a descarbonização das instalações, a energia utilizada, a electrificação da mobilidade, a composição em termos de governance, e até questões como litigância judicial, explicou. A este propósito Paulo Macedo contou que no passado a CGD foi penalizada no ranking porque tinha sido alvo de um processo judicial por parte do Joe Berardo. “Eu acho que deviamos ter subido no ranking por causa disso”, ironizou o banqueiro.

“A Caixa está consciente que tem um papel mais relevante que os outros neste tema da sustentabilidade”, concluiu o CEO.

 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.