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Doentes com mais de 50 anos, residentes em lares e profissionais de saúde prioritários para a vacina da Covid-19

Francisco Ramos, coordenador da task force criada para o plano de vacinação, explicou esta quinta-feira quais os critérios para definir os grupos prioritários para a administração da vacina contra a Covid-19 numa primeira fase.
3 Dezembro 2020, 16h39

As pessoas com mais de 50 anos com patologias consideradas críticas, os idosos residentes em lares e profissionais de saúde, numa abrangência total estimada em 950 mil pessoas, foram os grupos definidos como prioritários para a administração da vacina da Covid-19 numa primeira fase, adiantou esta quinta-feira, Francisco Ramos, coordenador da task force criada para o plano de vacinação.

Para a primeira fase foram definidos os seguintes grupos prioritários:

  • Pessoas com 50 ou mais anos com uma das seguintes patologias: insuficiência cardíaca, doença coronária, insuficiência renal e doença respiratória crónica com suporte ventilatório. são as patologias mais frequentes nos casos graves da doença;
  • Pessoas residentes em lares e internadas em unidades de cuidados continuados e os respetivos profissionais, para proteger as populações mais vulneráveis dos surtos;
  • Profissionais de saúde diretamente envolvidos na prestação de cuidados e profissionais de forças armadas, forças de segurança. Genericamente: serviços essenciais, críticos, cuja elencagem tem que ser afinada.

Nesta primeira fase do plano de vacinação, que esta task force estima durar entre janeiro e fevereiro ou até março, no máximo (num cenário otimista, salientou Francisco Ramos, já que se houver atraso na entrega este prazo será estendido até abril), estarão abrangidas 950 mil pessoas de acordo com as estimativas desta task force: 250 mil residentes em lares e respetivos profissionais; 400 mil pessoas nas pessoas com comorbilidades; e 300 mil pessoas no conjunto de profissionais de saúde. Para o primeiro trimestre estarão garantidas 2 milhões de doses de vacinas.

Este responsável máximo pela task force explicou o critério: “Como chegámos lá? A partir da informação que há sobre os efeitos da doença: 97% dos óbitos e 91% dos internamentos e 81% dos internamentos em cuidados intensivos são pessoas com mais de 50 anos. A doença coronária, a renal e a pulmonar são as comorbilidades mais relevantes”.

Para a segunda fase, esta task force já definiu dois grupos que estarão na fase dois do plano de vacinação:

  • Pessoas com 65 e mais anos sem patologias, num reconhecimento de que os idosos são o grupo mais vulnerável;
  • Pessoas com idade a partir dos 50 anos e até aos 74 anos com o alargamento para patologias como diabetes, neoplasia maligna ativa, doença renal crónica, insuficiência hepática, obesidade, hipertensão arterial e recomendação para incluir outras patologias

Para esta segunda fase, a estimativa é de 1,8 milhões de pessoas com mais de 65 anos (tirando as que forem vacinadas na primeira fase) e 900 mil pessoas no grupo a partir dos 50 anos e até aos 74 anos. Francisco Ramos explicou que esta segunda fase também estará dependente da entrega das vacinas, mas se para o primeiro trimestre está prevista a entrega de 2 milhões de vacinas, no segundo trimestre esse número “deverá subir muito”, explicou este responsável. Desta forma, Francisco Ramos acredita que de janeiro a março seja possível vacinar um número muito abrangente de pessoas da primeira e segunda fase.

Como será administrada?

Na primeira fase, referente ao universo de 400 mil pessoas com mais de 50 anos, os pontos de vacinação estarão localizados nos centros de saúde. “O SNS tem 40 anos de experiência nos planos nacionais de vacinação pelo que recomendamos que nos possamos sustentar nessa experiência acumulada, circuitos e rotinas estabelecidos e estabilizados. Devemos concentrar a administração da vacinação nos 1.200 pontos de vacinação que existem em todo o país”, explicou Francisco Ramos que esclareceu que estes pontos devem ser usados pelos 400 mil portugueses com comorbilidades integrados na primeira fase de vacinação. Quanto aos residentes em lares e os internados em unidades de cuidados continuados serão vacinados nos lares e nessas unidades, assim como os respetivos profissionais. “Neste caso serão as próprias equipas de enfermagem a fazer a vacinação; nos lares, se não houver equipas de enfermagem, haverão equipas dos centros de saúde que se deslocarão a esses lares para concretizarem a vacinação”, explicou o responsável da task force. Quanto aos profissionais de saúde, serão as próprias entidades a administrar as vacinas.

Nas fases subsequentes de vacinação, a task force indica que ainda não tem um plano detalhado mas admite que será necessário expandir os pontos da rede de vacinação com critérios a definir conforme o calendário e o ritmo de abastecimento das vacinas.

Registo da vacina

Francisco Ramos realçou que, relativamente à vacina, será necessário ter a certeza que quem toma uma primeira dose fica imediatamente com a segunda dose marcada, data, local e a garantia de que existe a segunda dose dessa vacina e devidamente programada, explicou. “Não é admissível que ocorram falhas”, salientou.

Será também instalado um sistema de chamada de pessoas para marcação do processo de vacina. “Os serviços de saúde terão que identificar quem pertence aos grupos de risco identificados, mencionando os 400 mil portugueses da primeira fase, e sermos proativos no sentido de os chamar, encontrar, sendo que isso será feito com a informação disponível nos centros de saúde. Apesar de saber que existem muitos portugueses que não utilizam centros de saúde, a alternativa será a declaração médica que pode ser usada para terem acesso à sua vacina”, explicou o responsável.

Pela novidade que apresenta esta vacina, Francisco Ramos recomendou a preparação de estudos de seguimento clínico e de medição e acompanhamento da resposta imunitária quer estudos de efetividade, algo que já se encontra em preparação por parte do Infarmed e Instituto Ricardo Jorge.

Logística “mais robusta”

Francisco Ramos explicou que, em termos de logística, está a ser preparada uma operação “mais robusta do que é habitual”. Este responsável da task force agradeceu o apoio das Forças Armadas e neste ponto definiu três prioridades: “como garantimos a disponibilidade física das vacinas, como é que temos a organização com capacidade de resposta e como garantimos o processo de administração”.

A task force propõe uma lógica de comando e controlo para toda esta operação: “Um pouco ao invés do que é tradição no SNS, que é uma gestão descentralizada e muito perto dos locais de administração (e distribuída por regiões) e devido aos timings e à relevância de todo esse processo mas sobretudo devido ao volume de incerteza que temos neste momento, a proposta é de que haja um comando central no Ministério da Saúde com a direção técnica a cargo da Direção Geral de Saúde, sendo que essa gestão será apoiada pelas Forças Armadas, forças de segurança e serviços de inteligência”, salientou.

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