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Petróleo. “Portugal será também penalizado” com Rússia a fechar torneira

Preço do petróleo nos mercados internacionais está a subir mais de 2%. Subida da cotação tem impacto na bomba com uma semana de distância. Resta saber se a tendência de subida vai manter-se na próxima semana.
  • Zbynek Burival on Unsplash
10 Fevereiro 2023, 15h30

A Rússia vai reduzir a sua produção de petróleo em 500 mil barris diários, cerca de 5% da produção total, uma decisão que chega apenas dias depois da entrada em vigor da segunda fase de sanções petrolíferas a Moscovo.

O petróleo já reagiu nos mercados internacionais, com o barril de Brent a ganhar mais de 2% para mais de 86 dólares, e o WTI a subir mais de 2% para mais de 79 dólares.

Analisando a decisão, a XTB alerta que “Portugal será afetado com esta decisão de forma direta e indireta, embora não se espere que o impacto a nível económico seja muito severo”.

Segundo os dados mais recentes, relativos a 2021, Portugal comprou petróleo a vários países, mas a Rússia fica fora do lote: Brasil (3,6 milhões de toneladas) Nigéria (2 milhões de toneladas), Azerbaijão (1,1 milhões de toneladas), EUA (945 mil toneladas), Noruega (469 mil toneladas) e vários países com mais de 200 mil toneladas: Guiné Equatorial, Arábia Saudita, Argélia, República do Congo, de acordo com os dados da Direção-Geral de Energia (DGEG).

“A redução da produção de petróleo russo nos mercados internacionais faz com que a oferta nos mercados internacionais seja reduzida e isto terá impacto a nível das cotações nos mercados internacionais – os mercados não tardaram a reagir à decisão russa”, destaca Henrique Tomé.

“Como esta decisão acaba por ter impacto nos mercados internacionais, mais precisamente na cotação do petróleo, Portugal será também penalizado com toda esta situação”, argumenta o analista da XTB.

A UE deixou de comprar petróleo por via marítima à Rússia (desde 5 de dezembro) e também produtos petrolíferos, como gasóleo, desde 5 de fevereiro. Ao mesmo tempo, a UE, o G7 e a Austrália, impuseram um teto de preço de 60 dólares por barril no petróleo russo negociado em todo o mundo, que é limitado através de uma série de mecanismos.

“A Rússia vai reduzir voluntariamente a sua produção em 500 mil barris diários em março. Isto vai contribuir para restaurar as relações no mercado”, disse hoje o vice-primeiro ministro russo Alexander Novak, citado pela “Reuters”.

O barril de Brent está a valorizar mais de 2,6% para mais de 86,7 dólares na manhã desta sexta-feira. O Brent já caiu cerca de 40 dólares por barril desde junho.

“A maioria dos observadores esperava redução de produção” desde as sanções da EU e o teto de preço a nível mundial e “Moscovo pode estar a tentar mostrar este corte como uma escolha, uma medida voluntária”, disse Bob McNally, presidente do Rapidan Energy Group e antigo assessor da Casa Branca.

“Duvido de que os parceiros da Rússia na OPEP+ tenham sido apanhados de surpresa e que não esperem que a redução de fornecimento altere a sua política de ‘estar quieto’”, acrescenta, citado pela “Bloomberg”.

O Kremlin disse que o sistema de teto de preços sobre o petróleo e produtos petrolíferas é uma “intervenção nas relações de mercado e uma extensão das políticas de energia destrutivas do Ocidente”, acrescentou.

A Rússia é o segundo maior produtor mundial de petróleo, apenas superado pela Arábia Saudita. Os países da OPEP+ anunciaram no final de 2022 um corte na produção de dois milhões de barris diários, reduzindo assim a oferta disponível nos mercados para os preços subirem.

Moscovo continua a poder vender petróleo a países fora da UE e do G7/Austrália, mas sujeita ao teto de preços.

As receitas petrolíferas russas têm vindo a cair, com o preço do barril de Urals (a referência para o país) a negociar nos 45 dólares, muito abaixo dos 60 dólares do teto de preço imposto pelo ocidente.

Apesar das sanções, a produção petrolífera russa tinha mostrado a sua resistência: dos 10,05 milhões de barris diários produzidos em abril de 2022, a produção subiu para 10,9 milhões de barris diários no final de 2022, tendo-se mantido neste nível ao longo de janeiro.

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