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PIB real angolano passará de crescimento a declínio em 2023, diz BMI

Num comentário publicado dia 10 de julho, o BMI – Business Monitor International (da Fitch) prevê que o PIB real de Angola contrairá 0,7% em 2023, após o crescimento de 3,1% em 2022. Esta revisão reflete em grande parte o impacto da forte desvalorização do kwanza em junho de 2023, dizem os analistas.
12 Julho 2023, 16h16

Num comentário publicado dia 10 de julho, o BMI – Business Monitor International (da Fitch), prevê que o PIB real de Angola contrairá 0,7% em 2023, após o crescimento de 3,1% em 2022. “Esta é uma revisão em baixa da nossa projeção anterior de um crescimento de 1,8%”, dizem.

Esta revisão reflete em grande parte o impacto da forte queda do kwanza em junho de 2023, diz o BMI.

“O aumento da inflação vai pesar no consumo das famílias e no investimento das empresas, aumentando a pressão descendente sobre a atividade económica do sector petrolífero”, referem os analistas.

“Em 2024, vemos o PIB real angolano a crescer 0,6% devido a um ligeiro aumento nos preços do petróleo e a uma queda mais lenta na produção de petróleo, mas a atividade económica continuará a ser influenciada pela inflação elevada”, avança o Business Monitor International.

O aumento da inflação afetará o consumo das famílias e o investimento das empresas em 2023. “Em maio de 2023, a inflação situava-se em 10,6% em termos homólogos, mas na sequência da depreciação do kwanza e da redução dos subsídios aos combustíveis por parte do Governo, revimos em alta a nossa previsão de inflação para 2023 de uma média de 11,0% para 15,0%, terminando o ano em 17,0% em termos homólogos”, refere o BMI.

O aumento da inflação durante o terceiro semestre de 2023 reduzirá o poder de compra dos consumidores, limitando a procura e as despesas das famílias.

“Os últimos dados disponíveis do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) mostram que o crescimento económico desacelerou de 2,6% em termos homólogos no 4.º trimestre de 2022 para 0,3% no 1.º trimestre de 2023. Tal deveu-se principalmente aos ventos contrários no sector petrolífero, em que a produtividade diminuiu 8,0% em termos homólogos no 1.º trimestre do ano, devido à queda dos preços mundiais do petróleo e à redução da produção interna de petróleo. Uma vez que não esperávamos que o crescimento abrandasse para menos de 1,0% e devido à forte queda do kwanza angolano, de 39,6% só em junho, e ao seu impacto inflacionista, prevemos agora uma contração de 0,7% do PIB real em 2023, em comparação com a nossa anterior previsão de crescimento de 1,8%”, refere BMI.

Os ventos contrários do sector de petróleo também pesarão na atividade económica em 2023, alerta a instituição da Fitch.

“O sector petrolífero de Angola vai vacilar, causando ventos contrários às exportações líquidas. As exportações de petróleo representam mais de 90% das exportações de commodities do país, o que significa que as fraquezas na produção e nos preços pesarão significativamente no crescimento das exportações”, avisa o BMI.

“Esperamos que as exportações líquidas subtraiam 1,4 pp ao crescimento principal em 2023. A perspetiva de 2023 da nossa equipa de Petróleo e Gás para a produção de petróleo upstream de Angola é negativa, uma vez que os declínios naturais dos campos de petróleo existentes significam que o país terá dificuldades para aumentar a produção. A equipa de Petróleo e Gás espera que a produção de petróleo caia 2,4% em 2023”.

Preveem uma queda de 19,2% nos preços globais do petróleo Brent para 80 dólares o barril em 2023, o que aumentará o impacto da queda na produção de petróleo.

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