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Poluição do ar poderá estar correlacionada com a propagação da Covid-19, conclui estudo

A análise é capaz apenas de mostrar uma forte correlação, não um nexo de causalidade. A conclusão do estudo publicado na revista “Science of the Total Environment”, informa que das mortes por Covid-19 ocorridas em 66 regiões administrativas na Itália, Espanha, França e Alemanha, 78% delas ocorreram em cinco regiões consideradas entre as mais poluídas.
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21 Abril 2020, 11h32

Os níveis elevados de poluição do ar poderão ser “um dos contribuidores mais importantes” para o elevado número de mortes provocados pelo surto do novo coronavírus.

A conclusão de um estudo conduzido pela Universidade Martin Luther de Halle-Wittenberg, na Alemanha, citado, esta terça-feira, no jornal “The Guardian”, informa ainda que das mortes por Covid-19 ocorridas em 66 regiões administrativas na Itália, Espanha, França e Alemanha, 78% delas ocorreram em cinco regiões consideradas entre as mais poluídas.

A pesquisa examinou os níveis de dióxido de nitrogénio (NO2), um poluente produzido principalmente por veículos a diesel e as condições climáticas que podem impedir a disseminação do ar sujo da cidade. Muitos estudos associaram a exposição ao NO2 a danos à saúde, e particularmente a doenças pulmonares, o que poderia aumentar as probabilidades das pessoas morrerem se testasse positivo ao Covid-19.

“Os resultados indicam que a exposição a longo prazo a esse poluente pode ser um dos contribuintes mais importantes para a fatalidade causada pelo vírus Covid-19 nessas regiões e talvez em todo o mundo”, referiu Yaron Ogen, autora da pesquisa, ao jornal. “Envenenar o nosso ambiente significa envenenar o nosso próprio corpo, e quando nós atravessamos período de stress respiratório crónico, a nossa capacidade de nos defendermos de infecções é mais limitada.”

A análise é capaz apenas de mostrar uma forte correlação, não um nexo de causalidade. “Agora é necessário examinar se a presença de uma condição inflamatória inicial está relacionada à resposta do sistema imunológico ao coronavírus”, disse Ogen.

Esta investigação, publicada na revista “Science of the Total Environment”, comparou os níveis de NO2 em janeiro e fevereiro em 66 regiões administrativas com mortes por Covid-19 registadas até 19 de março. Ogen também avaliou as condições atmosféricas dessas regiões e descobriu que 78% das 4.443 mortes ocorreram em quatro regiões no norte da Itália e uma em Madrid. Essas cinco regiões apresentaram a pior combinação de níveis de NO2 e condições de fluxo de ar que impediram a dispersão do ar poluído.

As medidas de confinamento generalizadas em todo o mundo levaram à redução do tráfego de veículos e da poluição do ar. No entanto, a exposição prolongada ao ar sujo antes da pandemia pode ser mais importante que os níveis atuais de poluição.

Em Lisboa já se verifica um abrandamento na poluição. As concentrações de dióxido de azoto (NO2), emitido sobretudo pelo tráfego automóvel na cidade, caiu cerca de 40% no mês passado por comparação à anterior e registou menos 51% de concentração quando comparada com o mesmo periodo do ano passado.

Esta não é a primeira vez que um estudo liga a poluição atmosférica à condição de saúde humana, neste caso, com a Covid-19. Um estudo separado, publicado a 7 de abril, analisou a poluição por partículas finas nos Estados Unidos da América e descobriu que mesmo pequenos aumentos nos níveis de poluição nos anos anteriores à pandemia estavam associados a taxas de mortalidade por Covid-19 muito mais altas. Outro artigo recente observou que as altas taxas de mortalidade observadas no norte da Itália está relacionada com os mais altos níveis de poluição do ar.

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