Pressionados por um contexto vulnerável e incerto, os consumidores europeus veem-se obrigados a poupar menos em 2023. De acordo com o Barómetro Europeu do Consumo do Observador Cetelem, as intenções de poupança dos europeus baixaram, em média, três pontos face ao ano anterior (16,7%).
A maioria dos países antevê a diminuição das respetivas taxas de poupança este ano, com exceção da Suécia que prevê que se mantenham. Em Portugal, país que apresenta tradicionalmente uma baixa cultura de poupança e cuja taxa de poupança tem estado ao longo dos anos abaixo dos 10% – com exceção de 2021, quando se registou uma taxa de 11,9% devido ao contexto pandémico – prevê-se uma taxa de poupança de apenas 6% em 2023.
O valor está bastante abaixo da média europeia (13,4%). Mais baixo, só na Polónia (3,9%) e Eslováquia (4,3%). Países como a Alemanha, Suécia e França preveem taxas de poupança de 19,6%, 18,1% e 16,7% respetivamente.
A expetativa de uma menor poupança na generalidade dos países contrasta com o aumento obrigatório das despesas, sentido em 11 países, por vezes, em proporções impressionantes, como é o caso do território nacional. Em Portugal, os consumidores antecipam um aumento dos gastos anuais em 13 pontos comparativamente a 2022 (49% vs. 36%).
Na Suécia e na Eslováquia as previsões também são bem mais altas comparativamente ao ano passado (+9pts e 8pts), com este último país a destacar-se de outras nações da Europa de Leste, provavelmente porque pertence à Zona Euro.
Esta dualidade – previsão de menos poupança e mais despesas – não quer dizer, necessariamente, que os consumidores prevejam consumir mais. Os resultados evidenciam um consumo limitado onde as despesas se estão a concentrar mais no que é necessário e indispensável para a vida quotidiana. Ainda assim, o desejo de consumir mantém-se praticamente inalterado, baixando apenas 1 ponto em relação ao ano passado, com 52% dos europeus a expressar a intenção de consumir (face a 53% no ano passado).
Já 1 em 4 diz não ter nem o desejo nem os meios para gastar, um resultado que aumentou em 3 pontos face a 2022.
Depois de um período de confinamento forçado por causa da pandemia e que gerou um desejo e um investimento financeiro para redecorar casa, equipar cozinhas ou realizar desportos em casa, o setor do retalho é, agora, um dos mais expostos. Eletrodomésticos (-5p.p.), mobiliário (-5p.p.), decoração e renovação de interiores (-4p.p.), a par com compra de TV/HI-Fi (-5p.p.) e equipamento desportivo (-4p.p.) são das categorias de consumo mais afetadas e aquelas em que as intenções de compra mais diminuem.
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