Quase metade (49%) das empresas em Portugal disse que operou na sua capacidade máxima ou acima da mesma no último ano fiscal, de acordo com o relatório “EIB Investment Survey 2018”, elaborado pelo Banco Europeu de Investimento (BEI). A percentagem é 10 pontos percentuais abaixo da de 2017 e coloca Portugal abaixo da média europeia (54%).
A análise do BEI revelou ainda que as empresas do setor industrial são as que menos funcionam na sua capacidade máxima (38%) – ou seja, nos seus limites de utilização de máquinas e equipamentos, às horas extras, aos turnos de trabalho, etc.
As conclusões deste inquérito estiveram em debate na conferência “Investimento, Inovação e Digitalização: O caso português”, onde os participantes discutiram o nível de investimento em Portugal, que ainda não regressou aos patamares do período pré-crise financeira.
“Enquanto não voltarmos a ter o espírito de pegar nas caravelas, como nos Descobrimentos, e passar isso para a nossa cultura e sociedade vai ser muito difícil. Os empregos criados nos Estados Unidos são criados nas novas empresas, nos últimos 10-15 anos. Este ecossistema ainda não existe na Europa”, disse Miguel Pina Martins, CEO da Science4You. O empresário alertou também que o empreendedorismo em Portugal está “melhor” do que na década passada, mas “é preciso mais”, nomeadamente apetite para o risco.
Já a vice-presidente do BEI, também presente no encontro no Museu do Dinheiro, afirmou que o banco europeu continua disponível para apoiar as empresas nacionais – uma ajuda que a instituição faculta desde 1976. Emma Navarro disse que “competitividade foi reconquistada” depois da crise financeira mundial, mas referiu que permanecem “incertezas relacionadas com fatores globais”.
À margem do evento organizado em conjunto com o Banco de Portugal, a representante do BEI lembrou que as organizações enfrentam vários desafios, nomeadamente o de adoção de modelos de negócio disruptivos, que, na sua opinião, são motores-chave para “catalisar a produção”.
“As empresas continuam otimistas (…). O crescimento no investimento é suportado pela recuperação económica, e Portugal não é exceção”, afirmou esta segunda-feira a vice-presidente do BEI, recordando que Portugal foi um dos países que mais beneficiaram do Plano de Investimento para a Europa, o comummente designado ‘Plano Juncker’. Segundo os números apresentados pela diretora Birthe Bruhn-Léon, o BEI já disponibilizou financiamento para 500 projetos em Portugal, que totalizam 50 mil milhões de euros.
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