Há umas semanas o turismo português celebrava a decisão de o Reino Unido ter incluído Portugal na sua lista verde onde os turistas não são obrigados a fazer quarentena no regresso ao país. Agora, o sector lamenta que o executivo de Boris Johnson tenha revertido a decisão. Saiba quais as implicações em torno da mais recente medida britânica.
Quando é que Portugal foi excluído da lista verde britânica e porquê?
A 3 de junho a imprensa britânica avançou que o governo do Reino Unido tinha removido Portugal da lista de países para onde os turistas podem viajar e não estar sujeitos a quarentena no regresso. A medida entrará em vigor às 4h00 do dia 8 de junho. Em causa está o aumento da incidência e da transmissibilidade no país, e também o número de casos da variante nepalesa.
O investigador do Instituto Dr. Ricardo Jorge, João Paulo Gomes explicou que foram identificados apenas 12 casos desta nova estirpe no país, que é “uma das pequeninas variantes dentro da variante indiana que tem uma mutação. Uma mutação que, naturalmente, merece vigilância porque está localizada na região do vírus associada à ligação às nossas células”, afirmou, citado pela SIC Notícias.
A que restrições vão estar sujeitos os britânicos que queiram visitar Portugal?
Os turistas vão ter que cumprir uma quarentena de 10 dias à chegada e realizar dois testes PCR: um deles depois de regresso e outro ao oitavo dia.
O que diz o Governo português?
Em reação à decisão do Reino Unido o ministério dos Negócios Estrangeiros escreveu no Twitter que: “Tomamos nota da decisão britânica de retirar Portugal da lista verde de viagens, uma decisão cuja lógica não se alcança”. “Portugal continua a realizar o seu plano de desconfinamento, prudente e gradual, com regras claras para a segurança dos que aqui residem ou nos visitam”, completa o Governo na sua mensagem que também está escrita na versão em inglês.
Tomamos nota da decisão britânica de retirar Portugal da “lista verde” de viagens, uma decisão cuja lógica não se alcança. Portugal continua a realizar o seu plano de desconfinamento, prudente e gradual, com regras claras para a segurança dos que aqui residem ou nos visitam.
— N Estrangeiros PT (@nestrangeiro_pt) June 3, 2021
O que dizem as transportadoras aéreas?
A decisão do Reino Unido abalou a confiança das empresas aéreas. Segundo a “Lusa”, o diretor da operadora TUI UK, Andrew Flintham lamentou que: “Este último anúncio é mais um retrocesso para o nosso setor”. Por sua vez, o presidente-executivo da transportadora easyJet, Johan Lundgren, considerou “chocante” a decisão de adicionar Portugal à lista amarela e “uma grande desilusão para aqueles que estão atualmente em Portugal.
Para o presidente-executivo da Virgin Atlantic, Shai Weiss, o sistema de semáforo criado pelo Governo britânico para classificar os países não transmite confiança aos consumidores e empresas.
O que dizem as associações do sector do turismo portuguesas?
Segundo a “Lusa”, o presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) defende que a decisão do Governo britânico de retirar Portugal da “lista verde” é “devastadora” e “injusta”, representando um “balde de água fria”, com argumentos que “não convencem”.
A Confederação do Turismo Português avaliou a notícia como “muito preocupante e penalizadora, não só para o turismo, mas também para a economia nacional, já que estamos a falar da principal atividade exportadora do país”.
A decisão influenciou os mercados?
Sim, as ações das companhias aéreas britânicas começaram a cair logo após as alterações à “lista verde”. De acordo com a Lusa pelas 15:50 (hora de Lisboa) do dia 3 de maio, as ações da EasyJet desciam 6,07%, as do International Airlines Group (IAG) recuavam 5,67%, as da Ryanair perdiam 4,26% e os da TUI 3,87%.
Quais as consequências da decisão para os turistas?
Depois de terem sido anunciadas as restrições os britânicos desesperavam para sair de Portugal, aponta a imprensa estrangeira. “Desespero para deixar Portugal: Pesadelo para os turistas britânicos com voos a atingirem as 700 libras”, descreveu o Daily Mail, esta sexta-feira.
Neste “pesadelo” os voos para o Reino Unido dispararam mais de 180%. Portanto, um britânico que queira marcar um voo a partir de Faro para a próxima segunda sujeita-se a pagar 265 euros, quando antes de anunciadas as medidas pagaria 94 euros.
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