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Respostas Rápidas. Que rescaldo das eleições na Turquia e o que esperar da segunda volta?

Erdogan acabou a noite com uma vitória minoritária que, embora não evitando uma segunda volta, é uma demonstração de força para o atual presidente, cuja saída a oposição parecia tomar como cada vez mais garantida.
15 Maio 2023, 10h40

A esperança da oposição turca era grande, mas as eleições deste fim-de-semana não só não cimentaram a derrota de Recep Tayyip Erdogan ao fim de 20 anos no poder, como até lhe conferiram uma vantagem inesperada. O presidente acabou a noite com uma vitória minoritária que, embora não evitando uma segunda volta, mostra que o político de 69 anos está longe de afastado da corrida, com o candidato nacionalista a poder ser chave daqui a duas semanas. Os mercados preferiam outro desfecho, com a lira a sofrer novamente esta segunda-feira, dando sequência a década e meia de desvalorização nas bolsas.

Como acabou o ato eleitoral presidencial do fim-de-semana passado?

Apesar do ímpeto que mostrava o opositor de Recep Tayyip Erdogan, a verdade é que o presidente incumbente se mostrou mais forte do que o esperado, conseguindo mesmo fechar com mais votos do que Kemal Kiliçdaroglu. O presidente e candidato do AKP terá reunido 49,42% dos votos com 99,38% da contagem apurada, segundo a agência noticiosa estatal Anadolu, mais do que os 44,95% da coligação de seis partidos liderada por Kiliçdaroglu, mas insuficiente para evitar uma segunda volta. Um terceiro candidato, o nacionalista Sinan Ogan, conseguiu 5,2% dos votos e o seu apoio poderá determinar o vencedor da eleição presidencial.

Em que ambiente decorreu a eleição?

As preocupações de segurança eram evidentes, mas o ato eleitoral desenrolou-se sem incidentes de maior. Ainda assim, há acusações de coação e fraude eleitoral em alguns casos, sobretudo nas regiões mais orientais e do sul, onde a rejeição de Erdogan e do seu AKP são maiores.

Quais os próximos passos?

Uma segunda volta presidencial é algo inédito nos 100 anos de república na Turquia, embora se afigure como o cenário mais plausível neste momento. O ato deve ficar marcado para daqui a duas semanas, a 28 de maio, e até lá espera-se uma disputa acesa entre os dois políticos.

Como têm reagido os mercados?

Com uma economia profundamente afetada por uma crise do custo de vida agravada em grande parte por uma política macroeconómica pouco ortodoxa de Erdogan, os mercados europeus e asiáticos preferiam maior estabilidade com uma vitória à primeira ronda, acusando um pouco a incerteza criada com a necessidade de uma segunda volta. As bolsas europeias arrancaram com ganhos modestos, embora houvesse praças no vermelho, como Madrid, enquanto a divisa turca voltou a sofrer, fixando novos mínimos de maio. O sector bancário da bolsa de Istambul foi dos mais penalizados, desvalorizando mais de 8% no arranque da sessão.

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