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SIMM: “Chega de selvajaria! Parem de destruir o mercado onde pretendem ganhar dinheiro”

O Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias considera que a greve dos motoristas de matérias perigosas reflete um problema social e alega que e este setor profissional tem assistido à degradação das condições de trabalho.
  • Carlos Barroso / Lusa
19 Abril 2019, 19h53

“Chega de selvajaria! Parem de destruir o mercado onde pretendem ganhar dinheiro!”, alertou o Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) em comunicado enviado às redações esta sexta-feira, no qual teceu “várias conclusões” retiradas “após este período conturbado” – a greve dos Motoristas de Mercadorias Perigosas.

O SIMM diz ser um sindicato independente, livre de ideologias políticas e ou religiosas, sendo composto e dirigido por motoristas no ativo. “Não temos qualquer interesse ou agenda política e não estamos preocupados com prejuízos políticos”, salientou.

No documento, com nove pontos, o SIMM começou por enaltecer a “importância da classe profissional de motoristas de mercadorias”, fundamental para transportar “a comida para os supermercados ou as matérias-primas para abastecer a indústria”.

O SIMM frisou ainda que as baixas condições de trabalho dos motoristas “ficaram demonstradas” e revelou que “70% destes profissionais têm uma carga horária semanal de 60 horas”. Mas, em muitos casos, “ainda mais”, salientou o sindicato.

“Alguém falou desse fator potenciador de fadiga que coloca sérios problemas de segurança rodoviária? Já repararam na quantidade de acidentes que tem havido ultimamente com os veículos de transporte de mercadorias?”, questionou o sindicato.

A vida de um motorista de mercadorias não se resume a conduzir, as várias situações de stress a que estes profissionais estão sujeitos diariamente, a imprevisibilidade no dia-à-dia, acarreta graves problemas de saúde, e situações de conflito social e familiar (veja-se a taxa de divórcios), é preciso um melhor acompanhamento médico através da medicina do trabalho e do Serviço Nacional de Saúde!

O SIMM centrou ainda as atenções para o poder político e comentadores, que “não perceberam nada, absolutamente nada de tudo o que se passou nos últimos dias”.

Assim, o sindicato relembrou que em julho do ano passado alertou para esta situação de desagrado – num comunicado do presidente na página oficial do Facebook – quando a Convenção Coletiva foi assinada, embora não tivesse o acordo do SIMM, altura em que o sindicado “foi alvo pela primeira vez da arrogância da ANTRAM”.

O SIMM considerou que a greve que marcou esta semana reflete “um problema social”, que é onde “se encontra o cerne do problema”. O sindicato sente que, na comunicação social, “os comentadores profissionais e ou políticos (…) lançam-se no debate (…) a falar sobre o que não sabem”, naquilo que apelidou constituir um “espectáculo miserável”.

E continuam sem olhar para o cerne do problema, digam-nos, é a construção de um pipeline para abastecer o aeroporto de Lisboa que vai resolver os problemas e contentar os motoristas? Não! Teria sido o Governo ter avançado com medidas preventivas e minimizadoras dos impactos da greve que teriam resolvido os problemas dos motoristas? Não!

O sindicato salientou ainda que os motoristas profissionais não têm assistido à valorização da carreira e condenou que, em matéria laboral, se tem assistido à perda de direitos e ao agravamento das condições de trabalho.

Para o sindicato, a solução passa pela construção de “uma relação laboral mais justa, mais simples, sem qualquer margem para segundas interpretações por parte de patrões menos escrupulosos”.

Sobre a próxima Convenção Coletiva, cuja negociação já começou, o SIMM reconheceu que não irá consentir qualquer alteração à atual Convenção Coletiva sem ser ouvido e respeito. “Somos todos motoristas, as tipologias de transporte devem ser analisadas e premiadas com base no risco e dificuldade, todas”.

O Jornal Económico, na edição impressa de 18 de abril deste ano, noticiou que o SIMM poderia ser o “próximo sindicato a avançar para uma greve” se a Associação Nacional de Transportes Públicos Rodoviários e de Mercadorias não se alterasse. No entanto, poucas horas antes da publicação do JE,  o Sindicato Nacional de Mercadorias de Matérias Perigosas acabou a greve que marcou a semana passada.

Anacleto Rodrigues, porta-voz do SIMM, disse ao JE que o sindicato se preparava para apresentar uma queixa ao Ministério Público com base em “irregularidades e atropelos ao Código de Trabalho constantes” na Convenção Coletiva em vigor.

O porta-voz do sindicato revelou que o SIMM reivindica salários mais altos – na ordem dos 800 euros, contra os atuais 630 – um complemento salarial, ajudas de custo numa base diária e ainda ajudas de custo para dormir a bordo do camião.

https://jornaleconomico.pt/noticias/motoristas-de-carga-geral-admitem-greve-que-ira-parar-o-pais-435329

 

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