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S&P espera que BCP mantenha a rentabilidade entre 13,5% e 15% até 2026

“O outlook positivo reflecte a possibilidade de aumentarmos o rating nos próximos 18-24 meses. Esperamos que o desempenho subjacente do BCP se mantenha sólido e que a erosão da qualidade dos activos se mantenha controlada”, refere a agência de rating.
  • Cristina Bernardo
13 Março 2024, 19h05

A S&P Global Ratings reviu em alta o Outlook do BCP de “estável” para “positivo” e reafirmou as notações do banco liderado por Miguel Maya.

A analista de crédito Miriam Fernandez explica que “a revisão do outlook reflecte a nossa opinião de que o perfil de crédito do BCP poderá beneficiar da atenuação dos desequilíbrios externos em Portugal ou da melhoria da dinâmica do sector nos próximos trimestres”.

“O outlook positivo reflecte a possibilidade de aumentarmos o rating nos próximos 18-24 meses. Esperamos que o desempenho subjacente do BCP se mantenha sólido e que a erosão da qualidade dos activos se mantenha controlada”, refere a agência de rating.

O perfil de risco de crédito do BCP tem vindo a melhorar gradualmente, em termos absolutos e relativamente aos seus pares, num contexto de atenuação dos riscos económicos para o sistema português, tendo a sua capitalização registado um reforço significativo nos últimos dois anos.

Por isso a S&P estima que o rácio RAC (Risk-Adjusted Capital) rondará os 9,0%-9,5% em 2024-2026, em comparação com a nossa expetativa de 7,7% no final de 2023, 7,7% no final de 2022 e 6,6% no final de 2021. A nossa previsão inclui uma melhoria de cerca de 20 pontos percentuais graças ao rating soberano mais elevado e 70 pontos percentuais de riscos económicos mais baixos para os bancos portugueses”.

A S&P espera que “a sólida geração de capital interno do BCP seja impulsionada por uma rendibilidade resiliente, com a rendibilidade dos capitais próprios (ROE) a situar-se em torno de 13,5%-15,0% até 2026, mantendo ao mesmo tempo níveis de eficiência melhores do que os da concorrência (custo em relação à receita estimada em cerca de 36%)”.

“Esperamos também que a deterioração da qualidade dos activos seja controlável, ajudada pela resiliência do mercado de trabalho em Portugal. Assim, prevemos que o rácio de nonperforming exposure (NPE) se mantenha abaixo de 4,5% (3,4% no final de 2023) e que o custo do risco (incluindo crédito e provisões para ativos executados e fundos reestruturados) diminua gradualmente para 65 bps-70 bps em 2024-2025 (face a 83 bps em 2023)”, acrescenta a agência.

O rating do BCP também incorpora níveis de provisões ainda acima do normal para as suas operações na Polónia. “Em particular, consideramos cerca de 100 milhões de euros para a extensão esperada das moratórias de crédito em 2024, e um total de 375 milhões de euros de provisões para os créditos em francos suíços (CHF) em 2024-2025, trazendo a cobertura legal para perto de 100% dos empréstimos denominados em francos suíços. As nossas previsões também consideram um rácio de reembolso de 50%”, refere a S&P.

A notação do BCP “não beneficia de um aumento da capacidade adicional de absorção de perdas (additional loss-absorbing capacity), porque consideramos que o buffer de instrumentos não é suficientemente grande para proteger os credores seniores num cenário de resolução”.

Isto porque “o BCP está a cumprir os seus requisitos de MREL em grande parte com dívida preferencial sénior. Assim, nos nossos cálculos de ALAC (additional loss-absorbing capacity), incluímos apenas quatro instrumentos de Tier 2, que representam apenas 160 bps-180 bps dos activos ponderados pelo risco (RWA) da S&P Global Ratings”, lê-se no documento.

A S&P diz que “dada a concentração da additional loss-absorbing capacity num número limitado de instrumentos, o que implica riscos de refinanciamento mais elevados, consideramos que o limiar adequado para um aumentode um nível de additional loss-absorbing capacity é de 350 pontos de base (50 pontos de base acima do limiar normal) e de 700 pontos de base para dois níveis (100 pontos de base acima do limiar normal)”.

“Calculamos o ALAC com base no perímetro de resolução, pelo que excluímos das nossas estimativas quaisquer instrumentos passíveis de recapitalização interna emitidos fora do perímetro, bem como os RWA (ativos ponderados pelo risco) fora do perímetro português”, diz a agência.

A S&P Global Ratings avançou com várias ações de rating sobre os bancos portugueses face à diminuição dos riscos de financiamento e à melhoria da classificação soberana.

 

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