O país que criou polémica por resistir à implementação de medidas de confinamento obrigatório quando a pandemia ganhava terreno na Europa, regista agora uma das mais baixas taxas de contágio de Covid-19. Esta quebra de novos casos chega numa altura em que maioria dos países europeus se prepara para enfrentar uma segunda vaga da pandemia.
De acordo com a notícia avançada pelo “The Guardian”, que cita os dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, sigla em inglês), o país regista, em média, 198 casos por dia. Trata-se do nível mais baixo desde 13 de março, altura em que a pandemia atingia máximos em países com a Espanha ou Itália. Por sua vez, os dados da agência nacional de saúde sueca mostram que apenas 1,2% dos 120 mil testes feitos na semana passada deram positivo.
À imprensa sueca, o principal epidemiologista do pais, Andreas Tegnell, defende que a estratégia adotada, ainda que tivesse sido criticada a nível mundial, foi a mais correta.
Johan Carlson, diretor-geral da agência de saúde pública da Suécia, também defendeu, na semana passada, que a estratégia foi um sucesso porque significa que as mensagens para o público foram claras e consistentes, colocando um ênfase na responsabilidade pessoal.
Ao contrário do que se assistiu no resto do mundo, o país escandinavo apenas decidiu encerrar as escolas para os maiores de 16 anos, tendo incentivado a comparência obrigatória nos estabelecimentos escolares aos estudantes mais novos. Agora, numa altura em que se assiste ao arranque do ano letivo, escolas secundárias e universidades voltaram a abrir portas.
As zonas comerciais e de lazer continuaram abertas, mas o uso de máscara obrigatório nunca foi implementado pelas autoridades de saúde do país. Por fazer parte de um grupo de risco, o Governo proibiu as visitas aos lares e os concertos e grandes eventos desportivos foram cancelados, em linha com as manifestações que ficaram proibidas de ultrapassar o limite das 50 pessoas. As fronteiras permaneceram abertas, ao contrário do que se verificou nos países vizinhos, Noruega e Dinamarca, e aos 10 milhões de habitantes no país foi pedido que tivessem atenção ao distanciamento social e que trabalhassem a partir de casa, se possível.
“No final, veremos que diferença terá uma estratégia mais sustentável, que se possa manter por muito tempo, em vez da estratégia que significa confinar, abrir e confinar de novo”, cita o jornal britânico, as declarações do especialista que argumenta que o objetivo da estratégia adotada pelo governo de Sveriges Statsminister tinha como objetivo “reduzir a disseminação do vírus” e não de atingir a imunidade coletiva.
De acordo com o ECDC, o total acumulado de novos casos de 14 dias na Suécia é de 22,2 por 100 mil habitantes. Em Portugal, essa taxa fixa-se nos 64,1, enquanto que em Espanha é de 279, em França é de 158,5, na República Checa é de 118, na Bélgica é de 77 e 59 no Reino Unido.
Analisando a situação geral, a Suécia soma mais de 87 mil novos casos, perto de seis milhões de mortes e apenas 13 doentes em cuidados intensivos. Não existem dados relativos ao número de recuperados.
A única fragilidade na estratégia da Suécia são as mortes que continuam muito elevadas, quase cinco vezes mais do que em Portugal. Porém, Andreas Tegnell garante que a alta taxa de mortalidade não está relacionada com a estratégia geral, mas sim com o fracasso em prevenir a disseminação do vírus nos lares e casas de saúde do país. “É claro que algo correu mal”, disse.
Apesar disso Jonas Ludvigsson, professor de Epidemiologia do respeitado Karolinska Institutet de Estocolmo, subscreve às declarações do especialista e afirma à imprensa sueca que a “estratégia da Suécia tem sido consistente e sustentável. Provavelmente agora temos um risco menor de propagação em comparação com outros países”.
Esta terça-feira, o governo sueco anunciou que vai suspender a proibição de visitas a lares de idosos pela primeira vez, a partir de outubro. A ministra dos Assuntos Sociais, Lena Hallengren, considerou a medida como “um risco” mas que espera que todos “todos assumam a responsabilidade”.
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