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TAP. “Dúvidas e preocupações” de Marcelo “são muito alarmantes”, afirma especialista em gestão aeronáutica

De acordo com a análise de Rui Quadros, consultado pelo JE, as questões colocadas pelo Presidente da República em relação a este dossiê são “muito alarmantes”. Belém vetou ontem o decreto do Governo que enquadra as condições para a reprivatização da companhia aérea.
28 Outubro 2023, 09h00

O Presidente da República “está a questionar claramente” o papel do Estado na gestão e na venda da TAP, de acordo com a análise de Rui Quadros, especialista em gestão aeronáutica com experiência na Iberia, PGA e Grupo SATA e professor no ISEC Lisboa, para o Jornal Económico (JE), face ao veto de Marcelo ao diploma do Governo para a privatização da companhia, conhecido esta sexta-feira.

Assim, a Presidência da República anunciou esta sexta-feira o veto ao decreto do Governo que enquadra as condições para a reprivatização da TAP, pedindo clarificação sobre a intervenção do Estado, a alienação ou aquisição de ativos e a transparência da operação.

Este veto foi divulgado através de uma nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, na qual se lê que Marcelo Rebelo de Sousa “decidiu devolver ao Governo o diploma de privatização da TAP, solicitando a clarificação de três aspetos que considera essenciais”.

O chefe de Estado pede ao Governo que clarifique “a capacidade de acompanhamento e intervenção do Estado numa empresa estratégica como a TAP; a questão da alienação ou aquisição de ativos ainda antes da privatização; a transparência de toda a operação”, lê-se na mesma nota.

O primeiro-ministro, António Costa, afirmou ontem que o Governo regista as preocupações manifestadas pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no seu veto ao decreto-lei sobre a reprivatização da TAP, adiantando que serão “devidamente ponderadas”.

TAP continua a ser “arma de arremesso político”

De acordo com a análise deste especialista consultado pelo JE, “as dúvidas e preocupações do Presidente da República com a transparência do processo de venda da TAP e a manutenção do seu valor estratégico é muito alarmante”. Este professor do ISEC Lisboa denota, com mais este episódio que a TAP “continua a ser uma arma de arremesso político o que é verdadeiramente lamentável e mais uma vez se prova que a empresa deve ser vendida o mais rapidamente possível”.

“Já foi considerada um valor estratégico quando se reverteu a privatização, e agora, mudaram totalmente de ideias, e como se não bastasse, ainda suscita dúvidas ao Presidente da República”, lamenta este especialista.

Para Rui Quadros, “o Presidente está a questionar claramente o papel do Estado na gestão de uma empresa (e da venda também) que é considerada estrategicamente importante para o país. Pode também haver preocupações sobre possíveis conflitos de interesses envolvendo a privatização”.

Num momento em que a companhia aérea começa a apresentar bons resultados (esta semana, TAP apresentou um resultado líquido positivo de 203,5 milhões de euros referente aos nove primeiros meses de ano), este perito considera que “as dúvidas e incertezas relacionadas com a privatização também lançam sombras sobre a definição da orientação estratégica da TAP, mesmo quando há indicadores muito claros de competência por parte da nova equipe de gestão da empresa”.

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