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TAP terá uma redução de receitas de 60% em 2021 e de 40% em 2022

O documento de trabalho que permitiu elaborar o Plano de Reestruturação da TAP hoje apresentado pelo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, prevê que os níveis de 2019 só sejam recuperados em 2025.
11 Dezembro 2020, 12h38

A TAP terá uma redução previsível de receitas “de 60% em 2021 e 40% em 2022, e a uma quebra de operação de 50% em 2021 e de 30% em 2022”, sendo os níveis de 2019 “só recuperados em 2025, mesmo com a vacina a começar a ser ministrada no início de 2021”, segundo a informação constante no Plano de Reestruturação, apresentado esta sexta-feira pelo ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos. Esta informação foi ontem apresentada ao Jornal Económico por várias fontes conhecedoras da TAP.

O Plano de Reestruturação da TAP, refere que a frota da TAP “será reduzida para 88 aeronaves de passageiros e três de carga”, o que permitiria segundo as projeções do mesmo plano proceder à “otimização dos custos operacionais”, que será da ordem dos “1,3 mil milhões de euros em ajustes financeiros com frota, bem como de 200 a 225 milhões de euros por ano em negociação com outros fornecedores”, refere o plano.

No ajustamento laboral são privilegiadas “medidas voluntárias como as rescisões por mútuo acordo, a tempo parcial, as licenças não remuneradas de longo prazo”, entre outros mecanismos, adiantam as mesmas fontes, admitindo que a “adesão às medidas voluntárias reduzirá a necessidade de medidas adicionais”. Para passar ao crivo técnico dos especialistas de Bruxelas, “a TAP terá de reduzir a sua massa salarial entre 250 a 300 milhões de euros por ano”, admitem as fontes, o que corresponde ao corte referido no mesmo plano, que menciona uma redução em 25% dos salários, feita de forma transversal e salvaguardando valores mínimos.

Por força da redução da operação, a TAP identificou atualmente um excesso de 3.000 trabalhadores. Para já, o plano identifica uma necessidade de saídas na ordem dos 2.000 trabalhadores, distribuídos por 500 pilotos, 750 tripulantes de cabina, 450 trabalhadores da manutenção e 300 da sede. Os custos laborais da TAP cresceram até 2019, representando 22,5% das receitas em 2019. Segundo este plano a TAP tem 20% mais de trabalhadores por avião.

Este Plano de Reestruturação da TAP foi desenhado com foco na otimização dos principais vetores operacionais da companhia, para estabilizar a sua operação em 2023 e ter capacidade para começar a amortizar os empréstimos obtidos em 2025, sendo que, na perspetiva dos recursos humanos, o objetivo do plano foi o de reduzir o universo dos 10.617 trabalhadores existentes no final de 2019 (excluídos os da SPdH e da M&E Brasil) para um nível sustentável com a sua atividade expectável entre 2021 e 2025, o que aponta para um total de 7.000 postos de trabalho diretos. Este nível, segundo as fontes conhecedoras da empresa, permitirá manter o ecossistema de fornecedores do Grupo TAP, garantindo um contributo ativo para a economia portuguesa.

A principal preocupação dos elementos que efetuaram o plano de reestruturação da TAP foi responder aos referidos dois requisitos que a Comissão Europeia imporá à aprovação do plano, designadamente, o resultado operacional equilibrado até 2023 e a capacidade de gerar fluxos de caixa para poder iniciar a amortização da dívida até 2025, sabendo-se que a Comissão poderá impor medidas adicionais em função da análise do plano que lhe foi apresentado esta semana, e que ainda terão de ser debatidas e negociadas, tendo como variáveis de ajustamento a capacidade de TAP, ou seja a dimensão da sua frota e a otimização da sua rede, a otimização dos custos operacionais, que terá em linha de conta a negociação dos contratos de leasings, a revisão de custos com terceiros, bem como o ajuste dos custos laborais, e, finalmente, a melhoria das receitas de passageiros e outras.

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