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Universidade de Aveiro vai testar estratégias de gestão florestal

Projeto FoRES arranca em outubro, tem a duração de ano e meio e financiamento europeu. Investigador David Carvalho lidera equipa e o trabalho de campo realiza-se em Trás-os-Montes. Com esta investigação pretende-se ajudar decisores e ‘stakeholders’ a definirem planos de gestão florestal.
11 Setembro 2022, 13h00

Nasce na Universidade de Aveiro (UA), é um projeto de investigação e ataca um grave problema do país: os fogos. FoRES – Desenvolvimento da Resiliência das Florestas aos incêndios num cenário de alterações climáticas visa a diminuição do potencial de propagação dos incêndios florestais. David Carvalho, do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Departamento de Física coordena.

“O projeto FoRES irá testar diferentes estratégias de gestão florestal, testando diferentes espécies de árvores e vegetação e respetiva distribuição espacial, para determinar qual delas maximiza a resiliência das áreas florestais à propagação de incêndios florestais”, explica o investigador ao JE Universidades. A equipa de David Carvalho integra investigadores do CESAM e dos Departamentos de Física, Biologia e Ambiente e Ordenamento. Fora da UA, os parceiros incluem o Laboratório Colaborativo para Gestão Integrada da Floresta e do Fogo (ForestWISE) e um parceiro do Norwegian Institute of Bioeconomy Research.

Os investigadores irão pôr à prova diferentes configurações florestais, tanto em termos das espécies vegetais presentes como o seu tipo de distribuição. O objetivo final é determinar qual delas maximiza a resiliência das áreas florestais à propagação de incêndios florestais, capacidade de sequestro de CO2 e retenção da humidade do solo.

O projeto contribuirá também, segundo David Carvalho, para mitigar a degradação do solo e a desertificação em áreas queimadas, investigando o risco de degradação do solo em cenários de clima e uso do solo futuros, com foco especial na severidade do incêndio, resiliência da vegetação/solo e erosão pós-incêndio, incluindo medidas de estabilização de emergência.

FoRES – Desenvolvimento da Resiliência das Florestas aos incêndios num cenário de alterações climáticas arranca no próximo mês de outubro e tem a duração de 18 meses. No terreno, a investigação tem como palco o Município de Bragança, em concreto a Zona de Intervenção Florestal da Lombada, que se estende por 650 hectares e faz parte da rede de Áreas Integradas de Gestão da Paisagem.

Os investigadores usarão um sistema acoplado de modelação da atmosfera-terra-vegetação-fogo, que envolve um modelo de simulação atmosférica que inclui efeitos relacionados com a vegetação e solo, associado a um modelo de propagação do fogo. No terreno vão contar com a colaboração de responsáveis locais e regionais, entre os quais a Associação de Produtores Agrícolas Tradicionais e Ambientais, que gere a AIGP onde se realiza o trabalho de campo.

“Os resultados do projeto —diz David Carvalho ao JE Universidades — irão fornecer informação acerca de quais as estratégias de gestão florestal que originam menor potencial de ignição de fogos e também menor potencial de área ardida, caso haja ignição”. Numa fase posterior, adianta: “poderão ajudar os decisores e stakeholders relevantes na definição dos planos de gestão florestal, visando aumentar a resiliência das florestas aos incêndios, tanto em termos de potencial de ignição como também em termos de potencial de área ardida”.

Num cenário de alterações climáticas, os incêndios são um problema cada vez maior. Só até meados de julho terão ardido 40 mil hectares em Portugal, segundo o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas. O número quase duplica os cerca de 27 mil hectares de área ardida em todo o ano de 2021.

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