Ministra conhecia relatório que indicava acumulação de funções do CEO do SNS
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, reconheceu esta terça-feira que conhecia o relatório elaborado pela Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP) sobre o currículo de António Gandra D’Almeida, mas socorreu-se da conclusão dessa mesma avaliação para responder às questões sobre se ignorou a acumulação de funções do agora ex-CEO do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Naturalmente que conheço o relatório. Indigitamos personalidades, elas vão à comissão de avaliação, é-nos dado depois o parecer. E o parecer é positivo”, disse Ana Paula Martins.
Interrogada sobre se, então, ignorou a referência à acumulação de funções, a ministra repetiu as conclusões da avaliação feita ao perfil, ao currículo e às competências de Gandra D’Almeida, aproveitando o momento para lhe agradecer o “trabalho que fez” enquanto CEO do SNS.
Questionada sobre o que a levou a aceitar o pedido de demissão do CEO do SNS imediatamente, a ministra argumentou que a demissão foi uma decisão pessoal da Gandra D’Almeida e que, perante as circunstâncias, entendeu respeitar o pedido, para proteger o organismo, o Serviço Nacional de Saúde, o próprio e também a sua família.
O diretor executivo do SNS pediu a demissão “imediata” do cargo na última sexta-feira, pouco depois de a SIC Notícias ter noticiado que Gandra D’Almeida acumulou, durante mais de dois anos, as funções de diretor do INEM do Norte, com sede no Porto, com as de médico tarefeiro nas urgências de Faro e Portimão.
Segundo o canal, a lei diz que é essa acumulação incompatível, mas António Gandra D’Almeida conseguiu que o INEM lhe desse uma autorização com a garantia de que não ia receber vencimento. No entanto, através de uma empresa que criou com a mulher e da qual era gerente, terá recebido “mais de 200 mil euros por esses turnos”.
As suspeitas em causa, que ditaram a demissão, levaram a abertura de um processo de inspeção por parte da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), que anunciou também uma auditoria alargada à acumulação de funções nas várias entidades do SNS e do Ministério da Saúde.
