Dando uma imagem esclarecedora do que é o mecanismo de eleição do presidente de Itália, a terceira volta das eleições determinou que o italiano mais votado fosse Sergio Mattarella… que é por acaso o presidente ainda em funções e cuja demissão motivou o presente ato eleitoral. Os votos em Matarrella não pretendem, de qualquer modo, eleger este não-candidato de volta ao lugar que ocupa, mas tão somente ganhar tempo. De qualquer modo, os votos em branco (412) voltaram a ganhar esta terceira volta.
De facto, os partidos com assento parlamentar continuam envolvidos numa verdadeira maratona de contactos para isolarem o candidato das suas cores partidárias com mais possibilidade de ser eleito pela maioria do colégio eleitoral de 1.009 eleitores.
O segundo classificado foi Guido Crosetto (114), que se afigura como o candidato da preferência da direita radical dos Irmãos de Itália, que conseguiu agregar em seu torno quase o dobro dos eleitores daquele partido (63). O nome do co-fundador daquele partido havia sido proposto pela líder, Giorgia Meloni
Os restantes partidos da direita, Lega e Força Itália, anunciavam votos em branco, o mesmo tendo sucedido com os restantes partidos mais representativos: Movimento 5 Estrelas (M5S) e Partido Democrático (PD).
Entretanto, as negociações entre os partidos continuam. Segundo a imprensa italiana, Enrico Letta, líder do PD, está em contacto constante com todos os líderes das principais forças políticas, incluindo Matteo Salvini. A intenção é a mesma de desde a primeira hora: reunir em torno de Mario Draghi uma maioria suficiente para o eleger como 13º presidente da República. Mas, para já, apenas o antigo líder do M5S, Luigi Di Maio, está, ou diz estar, alinhado com Letta. O problema é que o partido, agora liderado pelo ex-primeiro-ministro Giuseppe Conte, considera que Draghi faz mais falta à frente do governo que à frente da presidência.
Quanto a Matteo Renzi, líder do Itália Viva, e que se tem mostrado reservado em relação a apoiar Draghi, o tabu continua: o PD ainda não conseguiu, apesar de todos os esforços, convencer o ex-primeiro-ministro a apoiar o ex-governador do banco Central Europeu.
Esta quinta-feira, terá lugar a quarta votação – que, segundo os analistas, voltará a não ser conclusiva.
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