Surgida no contexto do movimento da contracultura e da revolução sexual dos anos 1960, Doris Wishman assinou cerca de três dezenas de filmes de baixo orçamento criados em regime de auto-produção, com a cineasta a acumular as tarefas de realização, argumento e montagem dos seus próprios filmes (muitas vezes usando diferentes pseudónimos para cada uma dessas funções), o que lhe valeu ser considerada por muitos como a rainha do sexploitation.
Uma retrospetiva do seu trabalho, dirigida apenas a adultos, acontecerá no IndieLisboa — de 28 de abril a 08 de maio — em parceria com a Cinemateca Portuguesa.
Apesar de os seus filmes poderem ser vistos hoje como algo naïves no tratamento da sexualidade – são o oposto de um certo tipo de cinema erótico que floresceu na década de 1970, com características de misoginia e violência bastante marcadas – graças a um estilo muito pessoal e inovador, que subvertia todas as fronteiras do género e cruzava-o com uma estética próxima de algum cinema underground, têm vindo a ser alvo de redescoberta ao longo dos últimos anos, chamando a atenção para o seu extraordinário percurso independente num universo cinematográfico dominado por homens.
Doris Wishman lançou-se sozinha no cinema com a realização de “Hideout in the sun”, em 1959, filme que marcou profundamente o universo exploitation. De entre os títulos mais conhecidos da filmografia de Wishman, em grande parte construída entre 1959 e 1977, destacam-se “Nude on the moon”, “Bad girls go to hell”, “Deadly weapons” e “Let me die a woman”.
É a componente mais significativa desta obra que poderemos ver em abril e maio, numa retrospetiva a não perder, que contará com a presença em Lisboa de Peggy Ahwesh, a artista e cineasta que mais tem contribuído para a revalorização da obra da realizadora norte-americana, sendo autora de “The Films of Doris Wishman”.
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