Até agora inédito em Portugal, Sylvain Tesson é um dos autores franceses de literatura de viagem mais acarinhado no seu país e presença frequente nos programas televisivos e radiofónicos dedicados à literatura.
Nascido em 1972, Tesson é escritor, poeta, ensaísta, explorador e aventureiro, amante de situações extremas e de viagens fora dos circuitos e rotinas habituais. Antigo alpinista e apaixonado pela escalada de monumentos, era conhecido entre outros acrobatas como o “príncipe dos gatos”. Escalou a Notre-Dame de Paris, a Torre Eiffel e o Monte Saint-Michel, entre outros, usando por vezes este talento para apoiar causas que lhe eram particularmente caras, tais como a sua defesa do Tibete. Uma queda do telhado de sua casa pôs fim a muita desta atividade algo frenética.
À alienação da atual sociedade de consumo e às armadilhas das redes sociais, Sylvain Tesson prefere os encontros entre pessoas e a comunhão com a natureza que lhe permite refletir sobre a beleza do nosso planeta. Em 1991, fez a sua primeira expedição à Islândia; dois anos depois, percorreu o mundo em bicicleta; com 27 anos atravessou a Ásia Central a cavalo, partindo do Cazaquistão e percorreu cerca de três mil quilómetros da antiga Rota da Seda. Em 2010, empreende um dos projetos de que fala com mais entusiasmo: viver seis meses como eremita numa cabana nas margens do lago Baical, na Sibéria.
Para a estreia no nosso país, a Bertrand optou por editar o seu mais recente título, com o qual recebeu o Prémio Renaudot de 2019, “A Pantera das Neves”.
Em 2018, o fotógrafo de vida selvagem Vincent Munier convidou Sylvain Tesson a acompanhá-lo numa viagem ao Tibete numa tentativa de avistarem a esquiva pantera das neves.
O grupo de quatro pessoas aterra em Pequim e enceta a viagem até ao planalto, a cinco mil metros de altitude, que é o seu destino, avançando para panoramas cada vez mais majestosos e desérticos.
Quanto mais se afastam da presença humana, mais a natureza se afirma, vibrante de vida selvagem, protegida dos efeitos nefastos da civilização. Aqui, manadas de antílopes, cabras montesas, iaques viajam quilómetros por prados sem fim. O autor descobre a possibilidade de um ritmo diferente. Enérgico e sempre insatisfeito, descobre na contemplação de Vincent, o apelo da quietude. A viagem torna-se uma exploração interior pela contemplação, pelo silêncio e por um outro ritmo de vida a par de uma reflexão sobre as consequências desastrosas da atividade humana sobre o mundo animal.
Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.
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