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“2023 não é brilhante nem luminoso, mas há uma possibilidade de não ser recessivo”, projeta Paulo Portas

O antigo governante rejeita as ideias de desglobalização e desdolarização, mas teme outro processo que, defende, tem grande apoio de Pequim e Washington, “embora por razões diferentes”: a regionalização e fragmentação.
18 Abril 2023, 13h51

Paulo Portas perspetiva que a guerra na Ucrânia não esteja perto de uma resolução, mas que o seu impacto na economia global este ano seja mais limitado do que se temeu. O antigo vice-primeiro-ministro lembrou a parceria geoestratégia entre Europa e EUA, que esbarra na concorrência económica entre os dois blocos, sem esquecer o desafio à hegemonia ocidental vindo da China.

O vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP) falou no Growth Forum, evento promovido pela Câmara esta terça-feira na NOVA SBE, onde destacou a evolução mais positiva da economia do que se receava há um ano.

Paulo Portas considera que 2023 “não é um ano brilhante nem luminoso, mas há uma séria possibilidade de não ser um ano recessivo”, o que já é bastante mais positivo do que se projetava há um ano. O antigo governante destacou o esforço de diversificação energética da UE, que permitiu o decoupling da Rússia após a invasão da Ucrânia, e apontou o dedo a uma “incompetência” de Vladimir Putin: a subestimação da unidade europeia.

Assim, o conflito espelha a oposição dos dois maiores superpoderes geoestratégicos e económicos mundiais: a Ucrânia apoiada pelos EUA e UE e, do outro lado, a Rússia com o apoio “sobretudo retórico” de Pequim. Enquanto ambos os lados continuam a rejeitar as negociações, será importante para a Europa saber posicionar-se como aliado militar e ideológico dos americanos, mas sabendo competir na vertente económica, argumentou Paulo Portas.

Por outro lado, o antigo vice-primeiro-ministro rejeita as ideias de desglobalização e desdolarização, apontando à importância continuada da moeda americana nas reservas estrangeiras globais, mas teme outro processo que, defende, tem grande apoio de Pequim e Washington, “embora por razões diferentes”: a regionalização e fragmentação.

“Nós [União Europeia] vamos, em muitos casos, ter de tomar estas opções: o que é a segurança nacional e o que é que não é? Temos de aprender a separar isso”, advogou.

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