[weglot_switcher]

“Ainda há muito a fazer para que o carro elétrico seja uma opção prática”. Deco pede alterações à lei da mobilidade elétrica

“Apesar de o consumidor poupar no combustível e na manutenção, a tecnologia ainda levanta dúvidas junto dos consumidores e as soluções são desiguais nos diferentes países. No geral, falta uma visão comum e integrada a nível europeu, com postos mais rápidos e melhorias a fazer na lei”, afirma a associação.
10 Maio 2021, 17h50

A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) apela ao governo no sentido de fazer alterações à lei da mobilidade elétrica, por considerar que os postos de carregamento elétrico estão a longas distâncias entre eles, são poucos e lentos e apresentam dificuldades de pagamento. Para a organização de defesa do consumidor, “ainda há muito a fazer para que o carro elétrico seja uma opção prática”.

Na base do apelo está uma avaliação conduzida pela organização de defesa do consumidor que avaliou a resposta da rede pública de carregamento elétrico com um teste que consistiu em percorrer três mil quilómetros em Portugal, Espanha, Itália e Bélgica, em carros 100% elétricos. “Apesar de o consumidor poupar no combustível e na manutenção, a tecnologia ainda levanta dúvidas junto dos consumidores e as soluções são desiguais nos diferentes países. No geral, falta uma visão comum e integrada a nível europeu, com postos mais rápidos e melhorias a fazer na lei”, afirma a associação.

Segundo Alexandre Marvão, especialista em Mobilidade da Deco, “o legislador, os construtores de carros, as empresas e os operadores de postos ainda têm muito trabalho pela frente para tornarem o carro elétrico uma opção apelativa para os consumidores”.

A Deco considera necessário “reforçar a lei ou dar acesso a financiamento para que se possam instalar postos de carregamento privados nos edifícios antigos e nas novas construções, uma vez que a melhor forma de carregar um carro elétrico é fazê-lo durante os longos períodos em que está estacionado”. Com a “melhoria” proposta, a rede pública ficaria disponível para fazer carregamentos no caso de viagens longas, necessidades pontuais ou quando os consumidores não têm outra forma de carregarem os carros.

Na rede pública em meio urbano, o principal receio revelado pelos consumidores foi o tempo de carregamento, que não pode ser “longo ou um momento perdido”. A Deco verificou que apenas 7% dos carregadores têm potência superior a 42 kWh, defendendo a conversão da rede pública para carregadores com mais de 22 kWh e a criação de pontos de carregadores rápidos.

No caso das autoestradas, a organização de defesa do consumidor propõe que as principais rotas tenham “carregadores rápidos e ultrarrápidos em todas as estações, com postos suficientes para os veículos que ali circulam”.

Outra das limitações verificadas no teste à resposta da rede pública de carregamento elétrico foi a distância entre carregadores. Fora das localidades, a Deco considera fundamental “garantir distâncias inferiores a 50 quilómetros entre postos. O pagamento também deve ser facilitado para os turistas, os utilizadores ocasionais e quem se esquecer do telemóvel. Nestas situações, deve ser possível pagar com cartão de crédito ou débito, dinheiro ou um cartão pré-pago. Portugal é um bom exemplo de um sistema de pagamento universal, em que o consumidor pode contratar o fornecedor à sua medida e usar o mesmo cartão em todos os postos”.

A associação alerta ainda para a necessidade de “regulamentar e harmonizar os critérios das tarifas e das taxas extra. A tarifa tem de ser justa e estar indicada, com informação clara sobre o preço da energia, a par da criação de um protocolo de comunicação comum entre as estações. Só desta forma as apps podem exibir dados fiáveis, como o local, a disponibilidade, o preço e a reserva”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.