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Banco Europeu de Investimento quer mais apoio para ‘scale-ups’ e deixar de financiar projetos de combustíveis fósseis

“Quando uma empresa começa a crescer é que começam os problemas. Para startups há financiamentos mas para as scale-ups é mais difícil”, disse o vice-presidente do BEI, no evento anual da Innoenergy, em Paris.
7 Outubro 2019, 10h59

O Banco Europeu de Investimento (BEI) quer deixar progressivamente de financiar novos projetos dependentes de combustíveis fósseis, que deverão representar, neste momento, menos de 5% dos apoios da instituição. Ambroise Fayollle, vice-presidente do BEI, disse no evento anual da Innoenergy que a proposta pode impulsionar a descarbonização, mas ainda está pendente de ‘luz verde’. “Somos um banco de engenheiros por isso não olhamos só para a rentabilidade financeira dos projetos”, referiu Ambroise Fayollle, no Palácio de Congresso de Paris.

De acordo com o rascunho desta estratégia do braço de empréstimos da União Europeia, o objetivo é deixar de apoiar iniciativas associadas à produção de petróleo e gás ou a infraestruturas dedicadas principalmente ao gás natural, por exemplo, até o final de 2020. “Esses tipos de projetos não serão apresentados para aprovação do conselho do BEI até o final de 2020”, pode ler-se no esboço apresentado em julho e discutido pelo conselho de administração, pela primeira vez, a 10 de setembro.

Nos últimos cinco anos, os empréstimos para energia do BEI representaram, em média, 12 a 14 mil milhões de euros em investimentos anuais no setor energético (eficiência energética, energias renováveis, redes de energia, etc.).

Segundo o vice-presidente do BEI, depois de apoiar projetos ligados às energias renováveis, está na hora de prestar mais atenção ao financiamento de eficiência energética dos edifícios e às empresas escaláveis, as que já validaram seu produto no mercado e provaram que podem ser sustentáveis. “Quando uma empresa começa a crescer é que começam os problemas. Para startups há financiamentos mas para as scale-ups é mais difícil”, afirmou Ambroise Fayollle.

A sueca Northvolt foi uma das scale-ups a receber um investimento (de 350 milhões de euros) do BEI para construir uma fábrica de baterias de íon de lítio que deverá começar a produção em larga escala a partir de 2021. Tendo o unicórnio nórdico como exemplo, Ambroise Fayollle lembrou que as gigafactories são boas mas as pequenas empresas são precisas para preencher as lacunas de inovação.

Christel Heydemann, CEO da Schneider Electric França, considera que a transição energética e a revolução digital são transformações positivas quer para o negócio quer para o futuro das próximas gerações. Na sua intervenção na mesma conferência fez referência à descentralização nos edifícios – consumidores de energia tornam-se produtores de energia – e deu o exemplo da Austrália como país que tem acompanhado essa evolução. “Numa empresa não se pode falar em eficiência de processos sem medir os gastos energéticos”, afirmou, apelando à poupança de energia. Segundo os dados da Schneider Electric, a despesa mundial em sistemas cognitivos e de Inteligência Artificial vai aumentar seis vezes entre 2016 e 2022. “Hoje os edifícios estão muito inteligentes, mas ainda é possível poupar entre 30% a 50%”, referiu, sublinhou Christel Heydemann.

A pensar na poupança de energia, Julius Smith fundou a startup Supersola, que produz painéis solares “plug-and-play”. O empresário holandês, que o Jornal Económico num dos corredores do “The Business Booster”, contou como a empresa está a iniciar a produção maciça para tornar o equipamento mais barato e a procurar revendedores na Europa. “Quando começámos a trabalhar há três anos, fizemos muitos protótipos e vendemos pequenos exemplares aos consumidores para saber o que aconteceria se os depois os puséssemos à porta e disséssemos «Boa sorte. Está aqui o vosso painel solar». Aprendemos como é fácil de usá-lo”, disse o CEO. Fundada em 2016, a Supersola vende painéis solares a cerca de 600 euros, com uma garantia de 10 euros, que podem ser instados em casa em 5 minutos. “Se uma família comprar oito ou dez deixa de precisar de receber as contas da EDF ou da EDP todos os meses. Com as novas tecnologias as pessoas vão deixar de precisar das utilities”, garante o empreendedor.

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