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Brexit novamente em negociações num ambiente de grande confusão política em Londres

A todo o instante surgem notícias que se contradizem ou que acrescentam novos factos, num ambiente onde a confusão está instalada. Só para complicar, parece que os trabalhistas defendem um novo referendo.
26 Fevereiro 2019, 07h49

Os negociadores do Brexit voltam hoje a encontrar-se em Bruxelas para tentarem colocar na mesa as últimas propostas, numa altura em que o ambiente político no Reino Unido está completamente volátil, com os analistas a tentarem perceber mensagens no meio de notícias de sinal contrário – quando não mesmo contraditório.

O caudal de notícias é de facto avassalador. Nos últimos dias, surgiram rumores de que a primeira-ministra Theresa May poderia estar a preparar-se para pedir dois meses de atraso em relação à data de saída da União Europeia – para, dois dias depois, esse atraso ter passado para os dois anos. De concreto, Theresa May afirma haver condições para o Brexit se realizar na data prevista, 29 de março, sem necessidade de qualquer atraso.

Havendo ou não essa necessidade, o certo é que os governos do 27 Estados-membros parecem lidar com alguma facilidade com as notícias do atraso. Como disse o primeiro-ministro António Costa em declarações à RTP à margem da cimeira da União com os países árabes, um pedido de atraso seria bem-vindo, dado que iria acrescentar tempo a um dossiê que com pontos muito sensíveis.

Ora, sucede que May não quer nenhum atraso precisamente porque considera que tem em mãos aquilo que precisa: a necessidade de impedir o backstop na fronteira entre as duas Irlandas. Por seu turno, a Comissão Europeia e o Conselho Europeu já disseram que essa questão está fechada e não é renegociável. De onde resulta que mais tempo não serve para nada, se os dois lados do debate se mostrarem tão irredutíveis como até aqui.

Internamente, Theresa May estaria a ser pressionada por membros do seu próprio governo para aceitar que o Brexit não poderia suceder sem acordo. Dois dias depois, as notícias esclareciam que membros do seu governo estariam interessados em que May abandonasse a política ativa – talvez em maio, segundo alguns, ou no próximo ano, segundo outros,

Só para complicar, os trabalhistas anunciaram ontem, segunda-feira, que poderiam estar prestes a evoluir para defenderem um segundo referendo. Sendo certo que muitos trabalhistas há muito quer defendem um segundo referendo – como, por exemplo, o Mayor de Londres – os analistas não compreenderam a que é que o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, estaria a referir-se.

É no meio desta imensa confusão que os negociadores vão esta terça-feira voltar a sentar-se à mesa – sendo certo que, o que quer que combinem entre si, não será alvo de uma votação esta semana na Câmara dos Comuns, dado que Theresa May já disse que não via necessidade que tal coisa acontecesse. Uma votação será realizada até 12 de março. Mas, com a volatilidade a que se assiste na cena política britânica, tudo isto pode mudar de um momento para o outro.

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