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Covid-19: Países aceleram o desenvolvimento de vacina na corrida mais importante do momento

Estados Unidos, Reino Unido, Itália, China, Suíça e Alemanha são alguns dos países que já têm vários protótipos em fase de teste. Uma vacina deve demorar, pelo menos, um ano a ser desenvolvida.
7 Maio 2020, 12h25

À medida que vários países afetados pelo Covid-19 avançam para o desconfinamento, numa tentativa de regresso à normalidade da vida dos seus cidadãos e da economia, todo o cuidado é pouco, e a vacina parece ser a única solução para globalizar a estabilidade económica e sanitária na luta contra o novo coronavírus. Estados Unidos, Reino Unido, Itália, China, Suíça e Alemanha são alguns dos países que já estão em fase de teste.

O desenvolvimento de uma vacina demora, regra geral, vários meses ou anos dependendo do que se sabe sobre o vírus em questão. No caso da Covid-19, as várias mutações que já sofreu dificultam a tarefa, mas não a impossibilitam. A urgência na disponibilização desta vacina é uma pressão adicional e, pode fazer com que os testes se realizem num menor espaço de tempo do que normalmente seria expectável.

Itália
Itália anunciou esta semana que os seus cientistas registaram progressos significativos no desenvolvimento da vacina contra a Covid-19. Durante os testes de desenvolvimento da vacina, observou-se que os anticorpos desenvolvidos em ratos bloquearam a ação viral no corpo humano. Ao testar a vacina, descobriram que esta havia sido bem-sucedida em neutralizar o vírus nas células humanas, a primeira no mundo desde o início da corrida pela vacina contra o novo coronavírus, segundo Luigi Aurisicchio, presidente executivo da Takis, empresa que está a desenvolver a vacina.

Estes testes foram realizados num hospital em Roma, recorrendo a ratos para testar a eficácia da vacina. Os ratos desenvolveram anticorpos imediatamente após uma única injeção, o que impediu o vírus de infetar células humanas, segundo o “Financial Express”.

Reino Unido
No dia 23 de abril, uma potencial vacina contra o coronavírus em desenvolvimento na Universidade de Oxford iniciou testes em humanos. Os testes envolvem 510 voluntários saudáveis com idades entre os 18 e os 55 anos, que acontecem nas cidades de Oxford e Southampton.

Os cientistas que trabalham com a vacina disseram que bastaria seis semanas para perceber se esta é eficaz no combate à Covid-19. John Bell, professor de medicina da Universidade de Oxford, disse que “várias centenas” de britânicos receberam o protótipo experimental, na esperança de que “sinais” sobre a eficácia do mesmo possa surgir em meados de junho.

O Reino Unido junta-se assim aos Estados Unidos e à China, no começo dos testes a realizar em humanos, segundo o “Telegraph”.

China
Investigadores da Sinovac Biotech – empresa privada sediada em Pequim – administraram duas doses diferentes da vacina Covid-19 a um total de oito macacos. Três semanas depois, o grupo introduziu o SARS-CoV-2, o vírus que causa o Covid-19, nos pulmões dos macacos através de tubos nas traqueias, e nenhum deles desenvolveu uma infeção completa.

Os macacos que receberam a dose mais alta de vacina tiveram a melhor resposta: sete dias após os animais receberem o vírus, os investigadores não conseguiram detetá-lo na faringe ou nos pulmões de nenhum deles. Alguns dos animais com doses mais baixas tiveram um “surto viral”, mas também pareciam ter controlado a infeção, relata a equipa da Sinovac num artigo publicado a 19 de abril no repositório bioRxiv.

Ainda assim, quatro animais desenvolveram pneumonia grave. Meng Weining, diretor da Sinovac explica que “os resultados dão-nos muita confiança de que a vacina funcionará em humanos”.

Alemanha e Estados Unidos
A empresa americana Pfizer e a empresa farmacêutica alemã BioNTech anunciaram que a sua potencial vacina contra o coronavírus iniciou os testes em humanos nos Estados Unidos na segunda-feira. Se os testes forem bem-sucedidos, a vacina poderá estar pronta para uso emergencial já em setembro, segundo “The New York Times”.

As duas empresas estão a desenvolver em conjunto a vacina, baseada em material genético conhecido como RNA mensageiro, que carrega as instruções para as células produzirem proteínas. Ao injetar um RNA mensageiro especialmente projetado no corpo, a vacina poderia dizer às células como produzir a proteína de pico do coronavírus sem deixar a pessoa doente.

O vírus normalmente usa essa proteína como chave para desbloquear e controlar as células pulmonares, a vacina pode treinar um sistema imunológico saudável para produzir anticorpos para combater uma infeção. A tecnologia também tem a vantagem de ser a mais rápida de produzir e tende a ser mais estável do que as vacinas tradicionais.

A Pfizer e a BioNTech injetaram os primeiros voluntários humanos com a vacina, de nome – BNT162, na Alemanha no mês passado. A experiência reuniu 12 adultos saudáveis, embora existam planos para expandir até 200 participantes.

Suíça
Uma equipa de Investigadores da Universidade de Berna espera ser a primeira a produzir uma vacina contra o Covid-19 e imunizar toda a população suíça em outubro.

“Temos uma chance realista de ser bem-sucedidos”, disse Martin Bachmann, diretor de imunologia da universidade suíça, por meio de uma conferência na web com a Associação de Imprensa das Nações Unidas (ACANU, na sigla em inglês). “A Suíça tem um histórico de ser pragmática e está muito interessada em encontrar um compromisso para acelerar a vacina”, acrescentou Bachmann.

Desde o início do surto de coronavírus e a sua designação pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional (PHEIC) no final de janeiro, a maioria dos especialistas e autoridades internacionais em saúde disseram que uma vacina demoraria cerca de um ano a 18 meses no mínimo a ser desenvolvida.

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