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EUA falam em possível abate de avião ucraniano por sistema antimíssil iraniano. Irão rejeita tese

O Boeing 737 despenhou-se algumas horas depois do lançamento de 22 mísseis iranianos contra duas bases da coligação internacional anti-‘jihadista’ liderada pelos Estados Unidos, em Ain Assad e Erbil, no Iraque, numa operação de retaliação pela morte do general iraniano Qassem Soleimani num ataque em Bagdad ordenado por Washington na sexta-feira passada.
9 Janeiro 2020, 17h43

O avião da Ukraine International Airlines que se despenhou, na quarta-feira, em Teerão, poderá ter sido abatido acidentalmente por um sistema antimíssil iraniano, de acordo com fontes dos serviços secretos dos Estados Unidos. De acordo com as contas da Bloomberg, as ações da Boeing aumentaram pela primeira vez em vários meses, registando ganhos de 2,63% para 8,73 dólares, esta quinta-feira.

Segundo esta tese, que é avançada também pela imprensa internacional, a aeronave poderá ter sido abatida acidentalmente, após os sistemas antimísseis iranianos terem sido activados no seguimento dos ataques a duas bases aéreas iraquianas, onde estão posicionadas forças norte-americanas, na madrugada de quarta-feira.

As descobertas são as primeiras divulgadas oficialmente depois uma investigação repleta de dificuldades e que acontece durante uma escalada de tensões entre os Estados Unidos e o Irão. A Ucrânia aumentou a confusão com o acidente, dizendo que está analisando se o jato foi derrubado por um míssil ou bomba depois que o Irã insistiu em ser vítima de uma falha técnica ou incêndio no motor.

A queda do avião ucraniano provocou a morte das 176 pessoas que seguiam a bordo. Segundo o relatório preliminar da Organização de Aviação Civil iraniana, tornado público nesta quinta-feira, o avião estava a voltar para o aeroporto quando o acidente aconteceu. O avião, que desapareceu dos radares a 2440 metros de altitude, já estaria em chamas imediatamente antes de se despenhar, revela também o documento, citando várias testemunhas no local para reconstruir o que aconteceu.

Apesar do relatório das autoridades iranianas, o Governo ucraniano não descartou qualquer hipótese e apresentou três alternativas: para além da tese de avaria, o avião pode ter colidido com um drone, ter sido alvo de uma acção terrorista ou abatido por um míssil.

O acidente aconteceu horas depois de o Irão ter lançado mísseis balísticos contra bases norte-americanas no Iraque, fazendo escalar a tensão entre Teerão e Washington. Ao longo de quarta-feira, especulou-se sobre a possibilidade de o avião ter sido atingido por esses mísseis.

Teerão rejeita tese que relaciona ataque com míssil ao desastre do Boeing 737

As autoridades iranianas rejeitaram hoje a tese de que o desastre do Boeing 737 da Ukraine International Airline, ocorrido na quarta-feira no Irão, esteja relacionado com um eventual ataque com mísseis, afirmando que essa teoria “não faz sentido”.

“Vários voos domésticos e internacionais voam ao mesmo tempo no espaço aéreo iraniano à mesma altitude de 8.000 pés, e essa história de ataque com mísseis (…) não podia estar mais incorreta”, indicou o Ministério dos Transportes iraniano, num comunicado.

“Esses rumores não fazem qualquer sentido”, prosseguiu a nota informativa, que cita o presidente da Organização de Aviação Civil iraniana (CAO) e vice-ministro dos Transportes, Ali Abedzadeh.

O representante iraniano reagia desta forma às informações que estão a circular nas redes sociais e em alguns ‘media’ norte-americanos de que o Boeing 737 da companhia aérea privada ucraniana Ukraine International Airlines (UIA, na sigla em inglês) teria sido atingido por um míssil disparado pela Guarda Revolucionária do Irão.

A propósito das caixas negras do aparelho, encontradas no mesmo dia do desastre (quarta-feira), Ali Abedzadeh declarou que “o Irão e a Ucrânia têm os meios para descarregar as informações” que os aparelhos contêm.

“Mas, caso sejam necessárias medidas mais especializadas para extrair e analisar as informações, podemos fazê-lo em França ou em outros países”, afirmou o representante iraniano, num momento em que foram divulgadas informações que dão conta de que Teerão está a recusar o acesso às caixas negras do avião ao fabricante norte-americano Boeing.

Sem desmentir explicitamente tais informações, o comunicado do ministério rejeitou “os rumores sobre a resistência do Irão em dar as caixas negras (…) aos Estados Unidos”.

O aparelho Boeing 737 da companhia aérea privada ucraniana UIA descolou quarta-feira de manhã da capital iraniana, Teerão, em direção à capital da Ucrânia, Kiev.

O avião despenhou-se dois minutos depois da descolagem, matando as 176 pessoas (passageiros e tripulantes) que estavam a bordo, a maioria de nacionalidade iraniana e canadiana.

As autoridades ucranianas, que enviaram para Teerão uma equipa de 45 investigadores para participar no inquérito em curso, avançaram hoje que estão a investigar pelo menos sete possíveis causas do desastre, incluindo um eventual ataque com mísseis.

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