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“Florista Marmoris” liga a leveza do mármore à delicadeza das flores

A galeria Prime Matter inaugura a sua terceira exposição, que reúne as mentes criativas de Alexandra Ferreira, Nathan Kunigami e Emmanuel Babled, a materiais da Flistone, num bailado de figuras imaginárias que habitam esta “Florista Marmoris”.
7 Dezembro 2023, 19h43

 

Lisboa continua a fazer pontes. E não falamos da terceira travessia do Tejo, mas sim de pontes ou, se quiserem, diálogos, entre artistas de diferentes nacionalidades, que incutem a sua mundividência nas peças por si criadas. “Florista Marmoris” é feita disso mesmo. De diálogos entre o mármore, o vidro e a perenidade das flores.

O desafio foi lançado por Emmanuel Babled, fundador e diretor da Prime Matter Gallery, em Lisboa, ao curador Koen Claerhout. que aqui junta as mentes criativas de Alexandra Ferreira, Mircea Anghel, Filippo Tincolini, Nathan Kunigami e da Filstone, para promover diálogo(s) entre Arte e design, num ambiente que se transforma numa pequena loja de florista. Como assim?, perguntamos.

Este bailado suspenso, feito de personagens imaginárias, tem como protagonistas alguém que adora a patinagem, criação de Alexandra Ferreira na série “I am Not Afraid of Standing Up”, paralelamente às personagens que o visitante pode imaginar contemplando os vários “Daily Objects” especialmente criados para a exposição.

Claerhout introduz as suas criações referindo que quer dar a conhecer o trabalho de Ferreira, que tem exposto essencialmente no estrangeiro, e “trazer um toque feminino a um material muito masculino”, como é o mármore.

A artista, atualmente a viver e a trabalhar em Vila Viçosa, resgata mármore das pedreiras da região. Ou seja, desenvolve um trabalho de respigadora, recolhendo partes de blocos de pedra rejeitados, e explora a versatilidade deste material como meio, a par do seu infinito potencial de expressão artística. “É um material que me é fácil de trabalhar”, diz a artista, e que lhe agrada pela “dimensão económica e e também de sustentabilidade, ecologia”, pois apenas trabalha com desperdícios, refere por ocasião da press preview da exposição.

O mármore, elo de ligação desta narrativa, será intervencionado em tempo real pelo artista floral Nathan Kunigami, do Kokuga Flower Studio, em Lisboa, em mais um diálogo entre as suas peças de arte floral – inspiradas pela arte Ikebana e pelas suas experiências transformadoras com flores no Japão. Kunigami afastou-se das regras rígidas desta arte floral nipónica para criar os seus próprios universos e vai utilizar a Prime Matter Gallery como oficina de flores no decorrer da exposição, até ao seu encerramento, a 2 de março.

Para o artista brasileiro de ascendência japonesa, que reside e trabalha em Lisboa, a beleza da efemeridade é aquilo que o move nas suas composições do “divino, da humanidade e da terra”, os três níveis presentes no Ikebana clássico, e que Kunigami reinventa e desconstrói, seja nas suas criações individuais, seja no encontro  (apetece dizer fusão, dada a harmonia) com algumas peças de Emmanuel Babled.

O designer e diretor do Babled Studio, participa em “Florista Marmoris” com peças de design inesperadas e outras em colaboração com a Torart, em Carrara, Itália, contraria a perceção do mármore como matéria pesada e inerte, realçando a sua surpreendente leveza e elegância. Design, artesanato tradicional e tecnologia de ponta são os ingredientes das suas criações, numa estreita colaboração com a Torart, empresa italiana que utiliza robôs antropomórficos e tecnologia CNC para evidenciar a versatilidade e contemporaneidade do mármore como material de eleição para a expressão artística.

A efemeridade das flores ‘esculpidas’ por Kunigami dialoga com a eternidade do mármore trabalhado por Alexandra Ferreira e Emmanuel Babled, que convoca para esta “florista” o inovador compósito Stork, by Filstone, pela primeira vez apresentado em forma de peças de mobiliário – mesas de centro e de jantar, e espelhos decorativos – concebidos por Emmanuel Babled.

“Esta coleção é fruto de uma fusão inovadora e sustentável entre pedra e cortiça, equilibrando a resistência da superfície da pedra com a sustentabilidade da cortiça, tirando partido da sua capacidade de extrema insolação acústica e térmica”, como realça o breve texto da folha de sala. Mais uma vez, o diálogo, entre materiais robustos e leves. Neste caso, resultado do trabalho conjunto entre o Babled Studio e a Filstone, que, com  Stork, uma patente mundial, inauguram uma nova era na produção industrial sustentável.

Florista Marmoris” é, acima de tudo, um universo inusitado mas encantatório que coloca em interação arte e design. Como sublinha o texto curatorial, da autoria de Veerle Devos, “o nosso universo pessoal, aparentemente lógico e normal para nós,
pode até parecer exótico ou excêntrico para os outros, tal como o do/a florista num mundo de mármore”.

Eis o fio condutor entre a beleza efémera das flores e da vida eterna encapsulada
nas rochas há milhões de anos, que liga os múltiplos diálogos entre a artista Alexandra Ferreira, o artista floral Nathan Kunigami e os designers Mircea Anghel e Emmanuel Babled, juntamente com o escultor Filippo Tincolini.

A exposição, patente na Prime Matter Gallery, pode ser vista até dia 2 de março de 2024. “Florista Marmoris” espera por si no nº 87 da rua da Madalena, em Lisboa, de terça a sábado, das 11h00 às 19h00. Horário que se mantém no feriado de dia 8 de dezembro.

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