Israel e Sudão estão prestes a anunciar o acordo de normalização das relações diplomáticas semelhante ao que já foi assinado com os Emirados Árabes Unidos e com o Bahrein e o anúncio oficial deverá ser feito este fim-de-semama ou o mais tardar no início da próxima semana. A notícia é dada por vários órgãos de comunicação judaicos nesta tarde de quinta-feira – indicando que uma viagem de uma delegação israelo-norte-americana a Cartum, capital do daquele país africano e muçulmano é prova de que as negociações estão perto de serem concluídas.
Recorde-se que, a quando da assinatura dos acordos com os Emirados e com o Bahrein, o presidente norte-americano, Donald Trump, afirmara que um novo acordo estava já a caminho e que seria com certeza o Sudão o país ‘eleito’. Na altura, os comentadores duvidaram da ‘hipótese Sudão’ uma vez que o país vive uma situação política muito frágil – sendo que um acordo com Israel poderia desequilibrar a relação de forças internas.
A acabar por acontecer, o novo acordo é mais uma vitória de Trump na frente externa – necessariamente com repercussões internas numa altura em que se aproximam as eleições presidenciais de 3 de novembro. Fica por saber-se quais são as contrapartidas oferecidas ao Sudão para avançar com o acordo – depois de ter ficado claro que, no caso dos Emirados, essas contrapartidas são o acesso à compra de armamento moderno norte-americano por parte do país árabe. A retirada do Sudão da lista dos países muçulmanos que patrocinam o terrorismo – e os benefícios daí decorrentes – pode ser a, uma das, contrapartidas.
O anúncio oficial surgirá provavelmente depois de um telefonema entre Donald Trump, o líder de transição do Sudão (o tenente-general Abdel Fattah al-Burhan), o primeiro-ministro sudanês Abdalla Hamdok e o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu.
Os jornais israelitas contam que esta quarta-feira foi identificado um vôo direto de ida e volta altamente incomum entre Tel Aviv e Cartum, ocupado por funcionários dos serviços secretos israelitas, a Mossad, e membros do gabinete de Benjamin Netanyahu. Entre eles, estaria o diretor-geral interino do Gabinete do primeiro-ministro, Ronen Peretz, que se encontrou com o oficial da Defesa dos Estados Unidos, Miguel Correa.
O general sudanês Abdel Fattah al-Burhan, é chefe do Conselho de Soberania do Sudão, o que, na prática, o coloca na posição de presidente do país – posição que, aliás, ocupava anteriormente, enquanto presidente do Conselho Militar de Transição. Al Burhan esteve já este ano nos Estados Unidos, onde manteve encontros com o secretário de Estado da Defesa Mike Pompeo.
O seu nome está ligado à dura repressão de manifestação que tiveram lugar em junho de 2019, quando as forças de segurança sudanesas e as chamadas Forças de Apoio Rápido, incluindo as milícias Janjaweed lideradas por al-Burhan reprimiram os protestos pacíficos que resultaram no massacre de 3 de junho em Cartum – onde dezenas de manifestantes pacíficos foram mortos e cerca de quarenta corpos foram atirados ao Nilo.
O Sudão é governado pelo Conselho de Soberania de Transição e pelo primeiro-ministro Abdalla Hamdok, que será, segundo os jornais israelitas, o mais hesitante em dar o passo para o acordo com Israel.
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