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João Leão alerta para perigos com a dívida pública: “Podemos correr o risco de começar a inverter a trajetória”

O antigo ministro das Finanças expressa preocupação com o futuro em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, este domingo. Considerando as medidas previstas no programa do Governo, o cenário macroeconómico otimista e o contexto de tudo o é aprovado pelo Parlamento sem escolha o Governo, há o risco de começar a inverter a atual trajetória de descida da dívida.
5 Maio 2024, 13h33

João Leão considera que há o risco do próximo orçamento não ser aprovado, mas ainda assim isso não significa que seja necessário fazer eleições, porque o atual orçamento do Estado é suficientemente flexível. “Dá para viver” em 2025 e ainda tem alguma margem para gerir no próximo ano, mesmo considerando os investimentos decorrentes do PRR, acrescenta.

Na entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios que vai para o ar este domingo, João Leão chama ainda à atenção para o facto de o próximo orçamento do Estado obrigar a ter em conta as novas regras orçamentais da União Europeia que entram em vigor em 2025 e que começam a ser negociadas com a Comissão Europeia em julho. O antigo ministro acha muito difícil levar a Comissão a aceitar a despesa prevista, num cenário de crescimento do PIB de 3 por cento que ainda assim prevê redução de impostos!

Quanto à trajetória da dívida pública, considera que bastava “não estragar para a dívida reduzir”, mas considerando as medidas previstas no programa de Governo que, segundo o antigo ministro das Finanças, assentam num “cenário macroeconómico otimista”, com base nas avaliações de todas as instituições internacionais e nacionais, num contexto de Governo minoritário, em que há medidas que serão aprovadas pelo Parlamento sem escolha do Governo, o ritmo de redução da dívida pública vai abrandar e pode mesmo voltar a agravar-se.

“O ritmo a que se reduz vai ser muito menor, muito menor, e a certa altura deixa-se mesmo de conseguir reduzir a dívida pública… pelo contrário, podemos correr o risco de começar a inverter a trajetória”, afirma.

Neste âmbito, o antigo ministro deixa ficar ainda um alerta: o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social deve continuar a investir em dívida pública pelo menos tanto quanto o Orçamento do Estado paga de pensões da CGA. 

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