O primeiro-ministro do Kosovo, Albin Kurti, anunciou numa sessão extraordinária da assembleia kosovar que vai promover a criação de um instituto que documente os “crimes cometidos pela Sérvia no Kosovo”. Mais: Kurti, recentemente eleito, disse que a função do instituto será a preparação – ou o auxílio à preparação – de um dossiê que sustente uma futura acusação de genocídio perpetrado pela Sérvia no Kosovo.
“Vamos estabelecer um instituto para recolher os crimes cometidos pela Sérvia e abrir processos perante o Tribunal Internacional de Justiça. A nossa política externa é um pilar importante que deve proteger-nos de inimigos e aproximar-nos de amigos”, disse Kurti.
O primeiro-ministro disse ainda que a cooperação e a aliança com os Estados Unidos e a União Europeia sé outra das prioridades do seu governo – sendo cerro que a adesão à União continuará a ser central na atuação do governo.
Fica por saber-se se as acusações contra a Sérvia servirão para cimentar essa aproximação. Um dos requisitos para a entrada dos países dos Balcãs na União é precisamente que todos eles encontrem uma forma de solucionarem aquilo que os separados outros – para que esses conflitos não sejam ‘importados’ para o interior do espaço comum.
Ora, levar a Sérvia ao Tribunal Internacional de Justiça de Haia não configura uma solução do problema, mas precisamente o seu contrário: o aprofundamento de divisões que aparentemente são insanáveis entre os dois países.
O Kosovo assumiu em 2008 a independência unilateral – que a Sérvia nunca reconheceu, dizendo mesmo que esse reconhecimento é impossível.
“A resolução de questões em aberto com a Sérvia deve ser feita por meio de um diálogo de princípios. É preciso esclarecer o destino das pessoas desaparecidas. O Kosovo não aceita o diálogo quando é tratado como um tema de diálogo entre outros”, disse Kurti, para enfatizar que quem lidera as questões que têm a ver com o Kosovo é o seu governo legitimado pelas eleições e não qualquer outra entidade.
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