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Lucros do Bankinter caíram 42% para 317 milhões em 2020

O resultado líquido do Grupo Bankinter em 2020 foi de 317,1 milhões de euros, menos 42,4% do que em 2019, devido a 242,5 milhões de provisões Covid-19. Em Portugal resultado cai 31%, mas o crédito subiu 7% e os recursos 6%.
21 Janeiro 2021, 09h15

Num contexto de grande incerteza, devido aos efeitos económicos da pandemia Covid-19, o banco liderado por  María Dolores Dancausa viu os lucros caírem 42,4% para 317,1 milhões de euros.

As elevadas provisões para prevenir a deterioração macroeconómica e a comparação com as receitas extraordinárias de 2019 justificam a queda no resultado líquido do Grupo Bankinter.

O Bankinter Portugal, sucursal do banco espanhol, reforçou o crescimento do negócio com clientes, com a carteira de crédito a crescer 7% e os recursos de clientes a crescerem 6%. Na operação portuguesa os resultados antes de impostos são de 45 milhões de euros.

“O Grupo Bankinter termina 2020 com resultados que, apesar da complexidade de um exercício marcado pelo impacto da pandemia, mostram crescimento em todas as rubricas e nas principais linhas de negócio”, refere o banco espanhol em comunicado enviado antes da abertura do mercado.

Ao mesmo tempo, “o Banco mantém a liderança entre os bancos cotados em termos de rentabilidade e qualidade dos ativos e com uma solvência reforçada que continua a estar muito acima das exigências regulatórias do BCE”, ressalva o banco.

O resultado da atividade bancária recorrente é de 473 milhões de euros, 13,2% inferior ao de 2019.

O Banco constituiu em 2020 provisões no montante de 242,5 milhões de euros para antecipar o agravamento da situação macroeconómica, que levam a que o resultado antes de impostos da atividade bancária se reduza para 230,5 milhões de euros, menos 62% do que em 2019.

Esta queda redução deve-se quer às provisões genéricas para acautelar o impacto da pandemia na qualidade da carteira de crédito, quer à ausência em 2020 das receitas extraordinárias que a instituição registou em 2019 com a compra da Evo (um banco espanhol digital com sede em Madrid).

Por seu turno, o resultado antes de impostos da Línea Directa, que se apresenta separadamente da atividade bancária, atingiu 179,6 milhões de euros, mais 25,7% do que há um ano.

Tudo isto explica a queda de mais de 42% do lucro do grupo espanhol.

Entre os principais rácios, a rentabilidade dos capitais próprios, ROE, mantém-se em 7%. Sem ter em conta o impacto das provisões extraordinárias, o ROE da instituição seria de 10,8%.

Da mesma forma, o Bankinter reforça a solvência, com um rácio de capital CET1 fully loaded de 12,3%, face ao mínimo de 7,7% exigido pelo BCE em função do tipo de negócio desenvolvido pela instituição e dos níveis de morosidade.

O Bankinter reporta um rácio de morosidade (NPL) em tendência decrescente há vários anos, situando-se atualmente em 2,37%, o que compara com o valor de 2,51% em 2019, ou seja, quase metade da média do setor. Por sua vez, a cobertura dos Non-Performing Loans (NPL) cresceu significativamente, passando de 48,4% no final de 2019 para 60,5% em 2020.

Quanto à liquidez, pela primeira vez o Bankinter termina um ano com um gap comercial negativo, com um rácio de depósitos sobre créditos de 103,2%.

Por sua vez, os vencimentos de dívida emitida previstos para 2021 são de 200 milhões de euros, a que se somam 1.000 milhões de euros em 2022. Para fazer face a estes compromissos a instituição dispõe de activos líquidos de 20.700 milhões de euros e uma capacidade de emissão de obrigações de 3.500 milhões de euros.

No ambiente económico de 2020 e num contexto de baixas taxas de juro, todas as rubricas da conta de resultados cresceram em comparação com o ano anterior.

A margem de juros (financeira) atingiu 1.247 milhões de euros, mais 6,8% do que em 2019, devido sobretudo aos maiores volumes de crédito concedido.

A margem bruta (inclui comissões) totaliza 1.709 milhões de euros, o que representa mais 3,6% do que há um ano. Mais de dois terços deste valor são provenientes da margem de juros. Por seu turno, o contributo das comissões para esta margem bruta é de 29%, ou seja, 496,8 milhões de euros, dos quais 157 milhões procedem do negócio de gestão de ativos e 98 milhões do negócio de transação de valores (mais 22% do que em 2019), num ano que foi particularmente positivo para esta atividade de intermediação.

Esta rúbrica foi impactada negativamente por custos regulatórios (contribuições para o Fundo de Garantia de Depósitos, Fundo Único de Resolução e outros) que continuam a subir, ascendendo no ano em análise a 115 milhões de euros, face a 95 milhões em 2019.

A margem de exploração antes de provisões termina o ano em 880,2 milhões, mais 4,5% do que há um ano, com os custos operacionais a aumentarem 2,7%, devido sobretudo aos novos investimentos nos negócios adquiridos.

O rácio de eficiência da atividade bancária com amortizações situa-se em 48,5%, melhorando ligeiramente em relação aos 48,9% do ano anterior.

Carteira de crédito cresce 7% em Portugal

Relativamente ao balanço do Bankinter, o total de ativos do Grupo ascende a 96.252,1 milhões de euros, mais 15% do que em 2019.

O crédito a clientes atingiu 64.384,3 milhões de euros, mais 6,6%. O crescimento do crédito em Espanha, sem considerar o Evo, é de 6,1%, em comparação com a média do setor que é de 2,4%, de acordo com dados de novembro do Banco de Espanha.

Por sua vez, os recursos de clientes de retalho ascenderam a 65.009,9 milhões de euros, mais 12,5%. O crescimento destes recursos em Espanha, sem o Evo, foi de 13,3%, face à média do setor que foi de 8,4%, de acordo com dados de novembro.

O crescimento do negócio com clientes foi também a tendência no Bankinter Portugal. A carteira de crédito cresceu 7%, alcançando 6.600 milhões de euros no fim do ano.

Do outro lado do balanço, os recursos de clientes cresceram 6%, atingindo 4.800 milhões de euros; e os recursos geridos fora de balanço aumentaram 2%, totalizando 3.600 milhões de euros.

Quanto às margens, observam-se crescimentos de dois dígitos: 10% na margem de juros (margem financeira) e 13% na margem bruta (inclui comissões), “impulsionados pelo bom desempenho das comissões”.

No entanto, o resultado antes de impostos, que é de 45 milhões de euros, cai 31%, devido sobretudo ao facto de o banco ter deixado de libertar provisões este ano, ao contrário do que ocorria em anos anteriores, tendo começado a realizá-las.

O Bankinter Portugal foi reconhecido com as distinções de Melhor Banco pela “Escolha do Consumidor 2021” na categoria Pequenos e Médios Bancos e prémio “Cinco Estrelas” para o Crédito Habitação.

A seleção realizada por um painel independente de consumidores atribuiu ao Bankinter Portugal a melhor nota em sete, com uma avaliação global de 81,14%.

No que se refere ao grupo como um todo, a instituição com sede em Madrid refere que, relativamente ao negócio de Empresas, no final de 2020 a carteira de crédito alcançou 28.400 milhões de euros, mais 11% do que há um ano. Considerando apenas a carteira em Espanha, o crescimento é de 11,5%, o que compara com os 8,1% de média do setor. Para este crescimento, os empréstimos garantidos pelo Instituto de Crédito Oficial (ICO) tiveram um forte protagonismo, com 8.600 milhões de euros formalizados, dos quais 6.000 milhões foram já disponibilizados.

A carteira global do Banco de crédito a empresas, que é de 28.400 milhões de euros, dos quais 10.600 milhões de euros correspondem a grandes empresas com uma faturação superior a 50 milhões de euros; a carteira de grandes PMEs (entre 5 e 50 milhões de faturação) totaliza 7.000 milhões de euros; e às pequenas e médias empresas, até 5 milhões de faturação, correspondem 5.200 milhões de euros. “Em todas elas, o Bankinter mantém a morosidade controlada, situando-se este rácio em 7,4% nas pequenas e médias empresas e em 3,4% nas PMEs maiores”, refere o banco.

No negócio de Banca Comercial, ou de particulares, a Banca Privada (private banking) termina um exercício com um património sob gestão de 42.800 milhões de euros, o que representa um crescimento de 6% relativamente a 2019, depois de captar 2.700 milhões de euros de património líquido novo. Quanto ao segmento imediatamente inferior, a Banca Personal, o crescimento foi de 9%, com um património líquido novo de 2.300 milhões de euros.

A carteira hipotecária do Bankinter, apesar da paralisação da atividade nos meses mais complicados da pandemia, cresceu em Espanha, e sem considerar o banco espanhol Evo, 1,7%, o que compara com a queda do setor de 1,5%, de acordo com dados de novembro do Banco de Espanha. A nova produção hipotecária realizada no ano totaliza 2.900 milhões de euros, apenas 3% inferior a 2019, tendo sido um exercício muito positivo. Cerca de 56% das novas hipotecas são contratadas na modalidade taxa fixa e têm um loan to value de 60%.

Quanto ao negócio de Consumo, operado pelo Bankinter Consumer Finance em Espanha, Portugal e Irlanda, os números “refletem as consequências da pandemia nas despesas das famílias, que foram reduzidas devido aos meses de confinamento, às limitações de mobilidade e à diminuição da atividade económica global”. Ainda assim, a carteira de crédito mantém-se em valores semelhantes aos do ano anterior: 2.900 milhões de euros, com um rácio de morosidade controlado de 6,2%.

“Neste negócio, é de realçar a consolidação da Avantcard no mercado irlandês como um dos principais operadores de Consumo, que agora vê a sua atividade alargada ao mercado hipotecário através da nova marca Avant Money”, destaca o banco.

Quanto à Línea Directa Aseguradora, que este ano apresenta os seus resultados de forma desagregada da atividade bancária, enquanto aguarda o seu lançamento como entidade independente, alcança um resultado líquido de 135 milhões de euros, mais 26% do que no ano anterior, com um ROE de 35% e um rácio combinado de 83,4%. O rácio de solvabilidade II é de 276%.

O número de riscos seguros totaliza 3,22 milhões, mais 1,7%, com o volume de prémios emitidos a crescer ligeiramente para 899 milhões de euros.

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