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Madeira: projeto do teleférico para Curral das Freiras deve trazer benefício de 400 milhões de euros

O projeto não tem fugido a polémicas e atualmente encontra-se suspenso pelo executivo regional. Movimento pediu audição com Procuradora Geral da República para expressar as suas preocupações com o projeto. No campo político, o JPP chegou a defender audições parlamentares sobre o projeto e Iniciativa Liberal pediu a suspensão do projeto.
8 Abril 2024, 18h52

O projeto do teleférico do Curral das Freiras, para ligar ao Jardim da Serra, que envolve um investimento de 47 milhões de euros, deve trazer um benefício económico de 400 milhões de euros, avança o Eco.

Este projeto do Madeira SkyPark Adventure inclui também um Centro de Interpretação da Natureza e um Parque Aventura com um slide de 2.300 metros, “o maior da Europa e o segundo maior do mundo”, de acordo com a empresa responsável pelo projeto, e que prevê a criação  de cerca de 40 postos de trabalho, tem abertura prevista para 2026 diz a mesma publicação.

Apesar deste investimento o projeto não tem fugido a polémicas, e encontra-se suspenso pelo executivo regional.

Mais recentemente um movimento intitulado “É Possível Impedir a Destruição” pediu uma audiência com a Procuradora Geral da República, Lucília Gago, para expressar as suas preocupações em relação ao projeto. Este mesmo movimento defende que o projeto em causa apresenta “desrespeito pelo interesse público, por processos de violação da legalidade e por duvidoso uso de dinheiros públicos” além de querer ver esclarecida a “nublosa expropriação de terrenos” para a localização do “parque de diversões para turistas empacotados”.

Este mesmo movimento organizou, em dezembro de 2023, uma concentração ecologista, contra o projeto dos teleféricos para o Curral das Freiras, considerando que este “atenta contra a área classificada e protegida” que existe no local.

O projeto dos teleféricos para o Curral das Freiras foi um dos investimentos que esteve em investigação  (a par do concurso da Praia Formosa, onde está previsto a instalação de um empreendimento do Grupo Pestana, e o concurso relativo à concessão dos serviços de transportes públicos na Madeira) no processo que culminou em buscas em várias partes do país, a 24 de janeiro, e que levou à renúncia do presidente da Câmara do Funchal e do Governo Regional da Madeira, Pedro Calado e Miguel Albuquerque.

No campo político vários partidos já se pronunciaram sobre o referido projeto. Por exemplo o Juntos pelo Povo (JPP) sugeriu a realização de audições parlamentares sobre este sistema de teleféricos e a Iniciativa Liberal chegou a pedir a suspensão do projeto.

Em janeiro o líder do JPP, Élvio Sousa, pediu essas audições parlamentares, e denunciou a natureza “pouco transparente” deste projeto, referindo que este projeto envolve verbas públicas, e deixou o alerta de que as finanças da região serão “altamente lesadas” com este projeto.

“A concessão a 60 anos penaliza as gerações futuras, favorecendo uma minoria. A exploração do teleférico prevê pagar à Região apenas dois mil euros mensais, 24 mil euros ao ano nos primeiros 10 anos de exploração, um valor muito baixo, quando comparada com os 5,2 milhões euros de receitas anuais apontadas pelo estudo. Uma concessão a 60 anos com estes valores como referência (muito conservadores diga-se) significa uma receita global de 312 milhões de euros”, disse Élvio Sousa.

Para a Iniciativa Liberal, o projeto vai “desfigurar” uma área protegida com “uma paisagem única, para além de ameaçar as zonas de nidificação duma ave endémica em risco, a Freira da Madeira”.

O partido criticou a assinatura do contrato de concessão “pela calada”, em setembro, pelo Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN).

“O empreendimento vem sendo classificado pelas entidades proponentes e licenciadoras, já enumeradas, como um bem de utilidade pública, o que permite redução drástica nos montantes a pagar ao Estado em impostos, nomeadamente IVA. Carruagens de 50 pessoas a ligar o Montado do Paredão ao Jardim da Serra e de 15 pessoas do Montado do Paredão ao Curral das Freiras. Verdadeiros autocarros voadores a sobrevoar a freguesia”, considerou a força partidária.

No entender do partido, o IFCN está “claramente a compactuar com interesses que não descortinamos” em vez de zelar pelo património natural da Região Autónoma da Madeira.

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