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Mercados reagem em alta a vitória sem maioria da extrema-direita em França

Os investidores parecem considerar que a vitória do RN foi menos expressiva do que o esperado e que, com este quadro, o partido presidido por Jordan Bardella não conseguirá uma maioria absoluta e que poderá ser afastado do poder por uma aliança entre a esquerda e os macronistas.
2 Julho 2024, 07h30

Os investidores reagiram de forma positiva aos resultados da primeira volta das eleições legislativas antecipadas em França, fazendo os índices das principais bolsas europeias fechar em alta, mesmo que menos pronunciada do que no início do dia.

O CAC 40, o principal índice do mercado acionista de Paris, fechou a subir 1,09%, depois de um início de sessão a trepar 2,42%. Mesmo assim, ainda está a perder mais de 5% face ao nível em que se encontrava antes de o presidente francês, Emmanuel Macron, ter convocado eleições antecipadas, a seguir à derrota do seu partido nas europeias de 9 de junho.

As taxas de juro (yields) das obrigações do tesouro francês a 10 anos subiram muito ligeiramente, depois de terem caído no início do dia, mas o prémio que os investidores estavam a exigir face aos bunds (obrigações alemãs) caiu para cerca de 70 pontos passe, depois de registar um máximo de 12 anos na sexta-feira.

Na primeira volta das eleições gaulesas, o Reagrupamento Nacional (RN), de extrema-direita, ficou á frente, com 33,1% dos votos, seguido da coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP), que inclui os socialistas, mas também comunistas e os populistas da França Insubmissa, com 28,5%. Em terceiro ficou o Juntos pela República (ER, na sigla francesa), coligação que integra o partido de Emmanuel Macron, que obteve 22%.

“[Os investidores estão] tranquilizados pela ausência de uma maioria absoluta” do partido liderado, de facto, por Marine Le Pen, referem os analistas da corretora XTB, numa nota enviada aos clientes.

“Assim, preocupações quanto ao elevado défice no país acabaram por atenuar”, reforça a equipa de research do Millennium Investment Bank, também numa nota.

“O sector da banca, que esteve entre os mais penalizados nas últimas semanas devido ao maior risco político, acabou assim por ser hoje o mais animado, liderando os ganhos no Stoxx600”, acrescenta.

Os investidores consideram que a vitória do RN foi menos expressiva do que o esperado e que, com este quadro, o partido presidido por Jordan Bardella não conseguirá uma maioria absoluta e que poderá ser afastado do poder por uma aliança entre a esquerda e os macronistas.

As eleições legislativas em França realizam-se em 577 círculos, uninominais, e o sistema prevê a eleição à primeira volta dos candidatos que obtenham mais de 50% dos votos nos círculos em que tenham participado, pelo menos, 25% dos eleitores.

Isto aconteceu em 76 círculos, em que foram eleitos 39 deputados do RN, incluindo Marine Le Pen, 32 da NFP, dois do ER e três de pequenos partidos.

O sistema prevê que disputem uma segunda volta os candidatos que obtiveram, pelo menos, 12,5% dos votos em cada círculo.

Os candidatos têm de se reinscrever, até às 18h00 de hoje, para participar na nova disputa e o que está a ser negociado entre representantes do Ensenble Republique e do NFP é os candidatos destas duas forças pior classificados em círculos onde o RN lidera desistam, para que se constituam alianças para impedir a extrema-direita de chegar ao poder.

A expectativa é de que, num parlamento fragmentado, o RN seja contido e, em vez de coabitação a solução passe por um governo tecnocrata.

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