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Merkel considera “injustos” os bónus pagos aos gestores da indústria automóvel

A chanceler alemã afirmou, em entrevista ao jornal Bild, que, depois do Dieselgate, é necessária maior sensibilidade e classificou como injustos os bónus recebidos pelos gestores de topo dos construtores alemães. As declarações surgem numa altura em que o ministro das Finanças alemão considera a crise do Diesel como uma ameaça ao crescimento do país.
  • Fabrizio Bensch/Reuters
21 Agosto 2017, 16h00

Angela Merkel foi questionada acerca dos bónus milionários pagos aos gestores de topo dos construtores alemães, no seguimento do escândalo Dieselgate. “Não acho que isso seja justo”, afirmou, em entrevista ao jornal alemão Bild.

“Não sei como é que a indústria automóvel irá responder. [Eles] têm conselhos de supervisão, nos quais têm lugar representantes dos sindicatos e acho que deveria existir uma abordagem mais sensível [aos bónus para executivos]”, acrescentou a chanceler, que afirmou ainda que não cabia ao poder político criar limites aos salários e bónus que a indústria paga aos seus executivos.

Merkel declarou ainda que “a indústria automóvel cometeu grandes erros, que podem ser sujeitos a procedimentos criminais. Foram exploradas falhas na legislação”. Afirmando-se “enraivecida” com o escândalo, a chanceler alemã, disse ainda que “foi perdida confiança e vai ser muito complicado voltar a conquistá-la”.

Ameaças ao crescimento

Estes comentários surgem numa altura em que o ministro germânico da economia identificou o Dieselgate como um dos grandes riscos para o crescimento da economia alemã, lado a lado com o Brexit e com as políticas protecionistas adotadas pelos EUA.

Declarando ser impossível quantificar os danos potenciais que este escândalo ainda pode acarretar, Schäuble não deixou de relembrar que o setor automóvel é o maior exportador da Alemanha e que suporta perto de 800 mil postos de trabalho naquele país. O ministro alemão afirmou no seu relatório mensal que “os riscos ligados à forma como o Brexit se irá desenrolar e às políticas de comércio dos EUA, mantêm-se. Além deles, a chamada crise do Diesel deve ser classificada como um novo risco à economia alemã, apesar de os seus efeitos não serem passíveis de quantificação neste momento”.

Para Schäuble, o problema Diesel pode pôr em causa as previsões de crescimento para a economia alemã. “Dada a importância da indústria automóvel, [o Dieselgate] deve ser classificado, a médio prazo, como um risco para o desenvolvimento global da economia”.

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