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Nasce na Universidade de Coimbra drone ‘low cost’ para combater lixo marinho

Segundo os investigadores, estas tecnologias permitem identificar, de forma rápida, determinadas categorias de lixo marinho que aparecem na costa portuguesa.
27 Setembro 2020, 12h00

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra está a desenvolver um sistema integrado de baixo custo (hardware e software) baseado em drones para o mapeamento de lixo marinho.

O projeto dá pelo nome de “UAS4Litter”, acrónimo de “Mapeamento de lixo marinho com drones low-cost”, e tem como principal objetivo o uso de sistemas aéreos não tripulados (em inglês usa-se a sigla UAS, referente a Unmanned Aerial Systems), acoplados a sensores óticos e multiespectrais para a deteção, busca e inspeção autónoma de lixo marinho em áreas costeiras.

Gil Gonçalves e Filipa Bessa, investigadores principais do projeto explicam o seu funcionamento: “o sistema recolhe imagens de praias, que são posteriormente processadas num software fotogramétrico para formar um grande mosaico georreferenciado e retificado” (ortofoto), o qual é depois submetido a uma análise automática, recorrendo a métodos de inteligência artificial, para a identificação e categorização dos diferentes tipos de lixo – plásticos, vidro, borracha, metal, madeira, entre outros”.

Os primeiros resultados são muito animadores para o planeta, informa este domingo, 27 de setembro, a Universidade de Coimbra: “as várias experiências já efetuadas no âmbito do projeto, que também inclui investigadores da Universidade Nova de Lisboa (NOVA.ID_MARE), mostram que os drones são adequados para identificar e mapear o lixo marinho”. “Realizámos testes com voos de várias altitudes, criámos mapas de lixo e apresentámos abordagens integradas considerando a morfodinâmica dos sistemas costeiros (duna-praia) e a abundância de lixo marinho nestas zonas e ainda a associação a fatores ambientais”, adiantam os investigadores.

Os drones foram ainda testados em sistemas dunares, que acumulam muito lixo e raramente são usados para monitorização do lixo marinho. “Como são zonas sensíveis e devem ser protegidas, usar técnicas que localizem o lixo permite a sua recolha sem grandes intervenções que possam danificar estes ecossistemas”, acrescentam.

Segundo os investigadores, os resultados finais do UAS4Litter “serão traduzidos em orientações práticas para o mapeamento e monitorização de lixo marinho com drones em zonas costeiras, para uma ampla gama de utilizadores finais, o que é crucial para a mitigação da poluição pelo lixo marinho”.

Financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), o projeto teve início em 2018 e é liderado por investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), através do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores de Coimbra (INESC Coimbra) e do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE-UC). A área de estudo está localizada na Figueira da Foz, em três praias arenosas com níveis distintos de poluição marinha e pressões de urbanização.

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