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Nelson de Souza: “A recuperação apenas pode passar pela promoção do investimento público”

O governante afirma que a recuperação da economia tem que passar pelo Estado, numa altura em que o setor privado está mais fragilidade. Nelson de Souza sublinhou ainda a disponibilidade do Governo para estudar um mecanismo para uma maior transparência da execução dos fundos europeus. 
  • Manuel de Almeida/Lusa
23 Setembro 2020, 18h35

O ministro do Planeamento defendeu o papel do Estado na recuperação económica, refutando as críticas da excessiva alocação das verbas do Plano de Recuperação ao setor público, sublinhando os exemplos prescritos pelos organismos internacionais que apontam para a importância do investimento público. Nelson de Souza vincou ainda que o Governo quer estudar um mecanismo para uma maior transparência da execução dos fundos europeus.

“A recuperação apenas pode passar pela promoção do investimento público e é, apenas, o Estado que pode, nestas circunstâncias, promover e desempenhar esse papel”, afirmou Nelson de Souza, esta quarta-feira, na intervenção de encerramento do debate “Visão Estratégica para o plano de recuperação económica de Portugal 2020-2030”, que decorreu no Parlamento, em Lisboa.

No debate parlamentar convocado pelo Governo, o ministro do Planeamento exemplificou que de “uma forma rápida, basta olhar para os prescritores, analistas, economistas, para o BCE, para o FMI, para a OCDE” que “todos eles recomendam a adoção de programas de estímulo económico, todos eles usando como alavanca o investimento público”.

“A obsessão ideológica da direita contra o papel do Estado impede-a de perceber afinal de contas aquilo que é evidente: que o setor privado não está nas atuais circunstâncias nas melhores circunstâncias para fazer aquilo que uma situação de crise e relançamento precisa de ser feito na economia, que é investir”, sublinhou.

Assinalou ainda a disponibilidade do Executivo para “estudar novos meios para inclusivamente transformando e modificando a atual caixa preta que aos olhos dos utilizadores é o atual sistema de gestão e controlo dos fundos, num sistema de paredes de vidro, que ao mesmo tempo combate, assegura o bom uso dos fundos, promove também a eficiência e a celeridade que todos nós desejamos”.

O governante teceu ainda algumas críticas ao envolvimento dos partidos na discussão, considerando que “a relevância do tema para o nosso futuro comum gerou em nós, talvez, expectativas de um maior contributo”.

“Continuaremos à espera até ao limite do tempo, que como sabemos é curto nesta primeira fase de conceção e desenho deste nosso programa”, afirmou, acrescentando que “de uma forma ou outra, uns com mais qualidade e outros com menos, mas quase todos os partidos de direita, criticaram uma alegada alocação excessiva de fundos ao Estado neste plano”.

“Trata-se de uma apreciação que consideramos muito limitada e redutora, apenas sustentada, numa visão curta da contabilidade do quinhão de financiamento diretamente atribuído às empresas. Limitada porque não tem em conta que é com investimento público previsto que o Estado vai produzir bens e serviços que irão reduzir custos de contexto para as empresas e oferecer melhores serviços para os cidadãos, entre os quais estão também trabalhadores das empresas”, realçou.

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