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Partner da EY reforça necessidade de acabar com derrama estadual

“Vivemos há seis ou sete anos com um tributo que ainda não acabou, mas já deveria ter acabado”, argumenta Luís Marques, partner da EY, embora reconhecendo que o Estado vive com uma despesa tão elevada que torna difícil qualquer mexida do lado da receita.
7 Fevereiro 2024, 13h05

Apesar de a progressividade do IRC ser contra a natureza do imposto, a verdade é que várias taxas se mantêm aos dias de hoje, com o Estado a arriscar ter de devolver esta receita adicional no futuro, caso os tribunais declarem tributos como a derrama estadual inconstitucionais. Por outro lado, a despesa corrente atingiu já níveis que dificultam qualquer redução do lado da receita, o que ajuda a explicar a resistência em remover estes contributos adicionais ou sectoriais, um pedido recorrente de empresários e consultores.

As mexidas trazidas pelo Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) nos impostos sobre as empresas são poucas, com Luís Marques, partner da EY, a destacar as novidades quanto instrumento de recapitalização de empresas como o principal aspeto do lado do IRC. Em sentido inverso, mas também merecedor de nota, o regime de tributação autónoma confere “um duplo castigo” às empresas que apresentem prejuízos, dado que “o legislador assume que [o prejuízo] não é legítimo”.

Ainda assim, os pedidos para que o Governo vá mais longe no alívio às empresas mantêm-se. Em particular, a derrama estadual é uma taxa que não faz mais sentido, dado que o país não se encontra mais numa emergência orçamental como nos anos da ‘troika’, e que “coloca em causa a continuidade fiscal”, argumenta Luís Marques.

“A derrama estadual foi introduzida num contexto especial em que o país precisava muito de receitas”, começou por contextualizar, considerando que “veio introduzir um carácter progressivo ao IRC de constitucionalidade duvidosa”. Estas dúvidas têm vindo a ser colocadas por várias empresas que têm levado mesmo a questão aos tribunais, o que pode criar um ónus futuro ao Estado.

O mesmo sucede com contribuições extraordinárias sectoriais além da questão energética, que provem de uma diretiva comunitária – as restantes “podem não ser legais” e “já vários players as contestaram”.

O grande problema para o Estado é a elevada despesa que tem de financiar, explica Luís Marques. Segundo o partner da EY, “o Estado está num nível de despesa tão elevado que, quando mexe na receita, tem de mexer na despesa”, o que dificulta a redução destes tributos. A sugestão passa, portanto, por uma redução progressiva do imposto até à sua extinção, de forma a não condicionar mais as empresas geradoras de lucro em Portugal.

“Vivemos há seis ou sete anos com um tributo que ainda não acabou, mas já deveria ter acabado. [….] É preciso ver onde a despesa pode descer para se poder também descer a receita”, resumiu Luís Marques.

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